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A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog.A TEORIA DO VALOR
Voltando, depois de muito tempo, a fazer um post de teoria econômica pura. Economia política, se preferir. Para elucidar um pouco a cabeça dos leigos, há de se fazer uma análise geral sobre o que é valor. Valor na economia difere de preço, cotação, tabelamento, etc. Tentarei mostrar nesse post as diferentes teorias sobre o A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
CARNAVAL É BOM PRA ECONOMIA? Comecei um esboço desse post em pleno carnaval, festa que eu nunca fui muito chegado, mas só agora decidi publicar O motivo é porque sempre nessa época do ano (fevereiro e março) surge a eterna ladainha: - "carnaval é bom pra economia!". Mais ou menos, mais ou menos Não é tão simples assim. Se carnaval SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara O PROBLEMA DA ÁFRICA Lagos, cidade importante da Nigéria (país com maior PIB nominal da África). Eu já queria fazer um post sobre o assunto antes, mas este vem em boa hora devido ao problema recente dos imigrantes africanos querendo adentrar a Europa (Itália) por CONHECIMENTO ECONÔMICO Sobre economia, teoria econômica e assuntos afins. Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco.A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog.A TEORIA DO VALOR
Voltando, depois de muito tempo, a fazer um post de teoria econômica pura. Economia política, se preferir. Para elucidar um pouco a cabeça dos leigos, há de se fazer uma análise geral sobre o que é valor. Valor na economia difere de preço, cotação, tabelamento, etc. Tentarei mostrar nesse post as diferentes teorias sobre o A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
CARNAVAL É BOM PRA ECONOMIA? Comecei um esboço desse post em pleno carnaval, festa que eu nunca fui muito chegado, mas só agora decidi publicar O motivo é porque sempre nessa época do ano (fevereiro e março) surge a eterna ladainha: - "carnaval é bom pra economia!". Mais ou menos, mais ou menos Não é tão simples assim. Se carnaval SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara O PROBLEMA DA ÁFRICA Lagos, cidade importante da Nigéria (país com maior PIB nominal da África). Eu já queria fazer um post sobre o assunto antes, mas este vem em boa hora devido ao problema recente dos imigrantes africanos querendo adentrar a Europa (Itália) por OPORTUNISTAS CIENTÍFICOS Virou trivial após o início da crise do Covid 19 os militantes anônimos das redes sociais transformarem comunicadores oportunistas em heróis políticos (ou apolíticos). A primeira vista pode parecer um problema menor ou sequer ser um problema de fato, mas esses novos heróis da divulgação do óbvio colocam em evidência vários problemas políticos e a MARÇO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE Hoje é 19 de março de 2020 (começo do texto, mas depois continuei, terminei e postei após a data). O governo e o país estão em situação de emergência tentando conter a crise humanitária doCorona Vírus.
ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 1 post publicado por diogomnz durante April 2020. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. PARA ONDE VAI O DÓLAR? Continuando a saga do dólar, esse segundo post sobre o assunto vou dedicar-me a falar da nova estrela do asset management do Brasil, o Sr. Henrique Bredda. Não só por ele estar muito em evidência, mas também porque seu raciocínio, suas falas e sua práxis emula uma boa parcela dos brasileiros, sobretudo os conservadores do CARNAVAL É BOM PRA ECONOMIA? Comecei um esboço desse post em pleno carnaval, festa que eu nunca fui muito chegado, mas só agora decidi publicar O motivo é porque sempre nessa época do ano (fevereiro e março) surge a eterna ladainha: - "carnaval é bom pra economia!". Mais ou menos, mais ou menos Não é tão simples assim. Se carnaval A FARSA DO ÍNDICE HERITAGE Você já viu na internet alguém usando um famoso "ranking de liberdade dos países" para justificar políticas neoliberais, entreguistas e minarquistas (estado-mínimo)? Esse ranking é o famoso HERITAGE, que está sendo muito utilizado por economistas adeptos do liberalismo ou simpatizantes em geral. Usam-o de forma bem superficial, com dizeres do tipo: "Olha aqui, Suécia está lá em O DESASTRE DO GOVERNO DILMA Aécio e PSDB pra mim simbolizavam retrocesso nas eleições passadas. Era dar aval a uma coisa ruim, a um momento ruim que o Brasil passou (nas mãos de FHC). Era voltar àquele modelo desgastado de neoliberalismo do FMI e do Consenso de Washington, típico de repúblicas de bananas, onde se entregavam empresas públicas ao VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA A teoria do valor na Escola Austríaca é falha. Vou examinar e lhe mostrar o porquê Carl Menger, o precursor da Escola Austríaca 1 - A teoria do valor de Carl Menger Menger em sua obra "Princípios de Economia Política" tem um capítulo inteiro dedicado ao estudo doValor, no caso o
AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA -Banco da Inglaterra, a grande sede (ou banco central mundial) do padrão ouro clássico. No post anterior falei da teoria falha dos ciclos econômicos e fui muito contestado por alguns adeptos delas em alguns fóruns específicos, onde apelaram para todo tipo de sofismas e desvios da centralidade do tema, direcionando a conversa até para CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. AGOSTO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante August 2020. O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando no fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. AGOSTO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante August 2020. O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando no fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
SEQUENCIAL DA CRISE 2020 Eu não lembro como aconteceu de forma sequencial a crise de 2008. Hoje sabemos que foi a segunda maior crise da história do capitalismo, somente após o crash de 1929. No início de 2008 eu tinha exatos 22 anos. Ainda não tinha cursado nenhuma universidade e era recém graduado no ensino médio, através de uma POST EXTRAORDINÁRIO DA CRISE 2020 Post extraordinário da crise 2020. Tirado do Facebook pessoal. . Segundo corte na taxa de juro anunciado pelo FED em reunião emergencial. Semana passada já havia um corte de 50 bps, o que já tinha sido uma paulada. Agora mais uma paulada em cima da já paulada, o juro zero. E a curva de taxa entre futuro e curto prazo já estavainvertida
DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
PARA ONDE VAI O DÓLAR? /texto adaptado de um quase post do Facebook, longo demais . . Uma coisa é a pessoa falar do dólar com fundamentos fortes e sólidos. Outra coisa é chutar. Os petistas e ciristas na sua grande maioria são chutadores. Chutadores e torcedores. Eles torcem para o dólar subir para poder dizer EU AVISEI depois. Não PARA ONDE VAI O DÓLAR? Para onde vai o dólar? – Parte II. 06 sexta-feira mar 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Continuando a saga do dólar, esse segundo post sobre o assunto vou dedicar-me a falar da nova estrela do asset management do Brasil, o Sr. Henrique Bredda. Não só por ele estar muito em evidência, mas também porque LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara JANEIRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 22 domingo jan 2017. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 4 Comentários. Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. A esquerda política mainstream do Brasil AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA A teoria do valor na Escola Austríaca é falha. Vou examinar e lhe mostrar o porquê Carl Menger, o precursor da Escola Austríaca 1 - A teoria do valor de Carl Menger Menger em sua obra "Princípios de Economia Política" tem um capítulo inteiro dedicado ao estudo doValor, no caso o
CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara JANEIRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante January 2017. Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a O DESASTRE DO GOVERNO DILMA O desastre do governo Dilma – parte II. 30 sábado abr 2016. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. No dia 13 de março milhões de pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção no país e contra o governo. A crise política acentua a crise econômica e a previsão do Banco Central e de setoresconservadores do
CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara JANEIRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante January 2017. Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a O DESASTRE DO GOVERNO DILMA O desastre do governo Dilma – parte II. 30 sábado abr 2016. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. No dia 13 de março milhões de pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção no país e contra o governo. A crise política acentua a crise econômica e a previsão do Banco Central e de setoresconservadores do
ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
ABOUT | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE This is an example of a page. Unlike posts, which are displayed on your blog’s front page in the order they’re published, pages are better suited for more timeless content that you want to be easily accessible, like your About or Contact information. Click the Edit link to make changes to this page or add MARÇO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE Hoje é 19 de março de 2020 (começo do texto, mas depois continuei, terminei e postei após a data). O governo e o país estão em situação de emergência tentando conter a crise humanitária doCorona Vírus.
FEVEREIRO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE Não todos, é claro, pois há gente com bastante conhecimento técnico adepto do PT e do PDT, mas eu falo da maioria. E nada contra essa mesma maioria, pois eles estão certos em fazer isso, uma vez que fizeram o mesmo com eles na época de Dilma. AS RESERVAS DO BANCO CENTRAL (post curto tirado do Facebook pessoal) Explicando: Se o Banco Central não vende em momentos de altas, o custo de carregamento delas aumenta. O pessoal não entende esse termo “custo de carregamento”, mas seria algo como “aluguel de poupança” ou, nas palavras do Professor Paulo Gala, as reservas seriam um canhãopara ser usado numa
DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) FEVEREIRO | 2016 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 03 quarta-feira fev 2016. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 1 comentário. Comecei um esboço desse post em pleno carnaval, festa que eu nunca fui muito chegado, mas só agora decidi publicar. O motivo é porque sempre nessa época do ano (fevereiro e março) surge a eterna ladainha: – “carnaval é bom pra economia!”. O DESASTRE DO GOVERNO DILMA O desastre do governo Dilma – parte II. 30 sábado abr 2016. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. No dia 13 de março milhões de pessoas foram às ruas protestar contra a corrupção no país e contra o governo. A crise política acentua a crise econômica e a previsão do Banco Central e de setoresconservadores do
A EVANGELIZAÇÃO NEOLIBERAL E A DIFAMAÇÃO “AD …TRANSLATE THISPAGE
Engraçado você critica o capitalismo,mas em quê o estado é eficiente meu querido,me aponte neste país onde o estado é eficiente,pois eu quero serviços eficientes,não aguento mais pagar impostos e ficar prostrado esperando o estado me atender com respeito e dignidade que mereço,pois sou um cidadão de bem e só recebo porrada do governo,me aponte onde é esta terra santa onde o* About
CONHECIMENTO ECONÔMICO ~ SOBRE ECONOMIA, TEORIA ECONÔMICA E ASSUNTOS AFINS.Pesquisar:
O MITO DO MILAGRE CHILENO 22 _terça-feira_ out 2019Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO O Chile vem passando por momentos difíceis na política e atualmente vive crise social. A população do país está insatisfeita com a desaceleração do crescimento, as oposições brigam ferrenhamente, os jovens buscam mais direitos sociais (universidade pública gratuita, direito à aposentadoria, etc.). O debate de gênero (feminismo x machismo) no país também ganhou força nos últimos anos. Tudo isso desencadeou na onda de protestos recentes contra a nova rodada de tarifaços públicos. O presidente já declarou estado de emergência, o prédio da concessionária de energia (ENEL) pegoufogo, etc.
Todo esse sintoma recente tem gerado um debate nas redes sociais e na bolha dos comentaristas econômicos (de boteco ou não). A esquerda do lacre vem tirando sarro do ministro Paulo Guedes e suas referências simplórias ao modelo chileno, supostamente liberal. E a direita por sua vez vem reafirmando o sucesso do Chile citando seu crescimento de 4% em 2018, muito acima dos seus vizinhos (maioria em crise financeira ou social), e também a diferença do seu PIB per capita para todos os sulamericanos, até mesmo do Brasil. Vamos lá: nem 8 e nem 80. O CHILE NÃO É UM PAÍS DESENVOLVIDO E NUNCA EXISTIU UM SUPOSTO MILAGRE CHILENO DOS CHICAGO BOYS É comum a gente ler por aí que a despeito da política repressiva e criminosa de Pinochet o Chile se deu bem por tirar o socialismo de Allende e ter optado pelo neoliberalismo dos chamados Chicago Boys (chilenos que tinham estudado na Universidade de Chicago, onde Milton Friedman, pai do liberalismo/monetarismo, dava aulas…). O país passou por uma onda de privatizações, abertura econômica, ajuste fiscal e retirada de direitos sociais (como o fim da previdência pública). E dizem, isso desencadeou num processo de crescimento acelerado, ou “catch up”, como se diz na literatura do desenvolvimento econômico. Não é bem verdade o tal “catch up” e os números desmentem isso. Os gráficos também. Para medir isso é fundamental comparar o avanço percentual do PIB per capita do Chile em proporção com o PIB per capita dos EUA, considerada a nação referência em termos de acúmulo de capital e estoque de riqueza per capita. No post do professor José Luís Oreiro sobre o Chile ele mostra, com dados do professor mexicano Jaime Ros, o processo não tão ligeiro de crescimento do Chile, perdendo inclusive para a Espanha no período de1950 a 2008.
Segue:
https://jlcoreiro.wordpress.com/2017/09/29/o-chile-nao-e-essa-coca-cola-toda-o-mito-do-sucesso-economico-chileno/?fbclid=IwAR3_CDwBr4xYiMsa5RcGGc9_r87JTsU5EQzmdsUML8WsA4X_8c4MBI3K4fo Também tem uma palestra do professor Oreiro no youtube onde ele mostra o desempenho do Chile abaixo de Portugal, também na mesma metodologia (PPC em proporção com o PPC dos EUA). Segue: https://youtu.be/V_ffX8SH-wQ (a partir do minuto 25) Podemos ver que não houve esse crescimento expressivo no período Pinochet e a alegoria do milagre, de fato, não passa de uma fantasia. Os gráficos abaixo também mostram outra realidade: o crescimento foi mais expressivo no período democrático do que no período repressivo de Pinochet. Gráficos não mentem, caso bem interpretados (sempre bom lembrar esse detalhe). Passada a proposição do crescimento do PIB e PIB per capita chileno não ter sido tão expressivo no período da política repressiva, vamos a próxima. O Chile é um país desenvolvido? Também não. O IDH fica na posição de 44ª. O melhor da América do Sul, mas a América do Sul não é uma grande referência de IDH. O Chile é meio de tabela em referência ao resto do mundo. Saindo dos dados e indo para aspectos subjetivos, ou relativos melhor dizendo, o país não tem previdência pública, universidades públicas e o sistema de saúde pública é confuso e desorganizado (abaixo do SUS). A qualidade das estradas, dizem, não é das melhores também. Já o transporte público de Santiago parece ser mais amplo do que o de São Paulo, principalmente comparando proporcionalmente população das urbes. Outro problema do Chile é a extrema concentração da economia em Santiago. Na verdade isso é um problema da América do Sul como um todo e o Chile não foge disso. O mesmo mal e fama sofria a Argentina, onde os brasileiros sempre falam que só tem Buenos Aires (não é verdade, mas é uma economia bem concentrada mesmo).O POBRE ARRUMADO
Eu costumo falar do Chile como um país ainda pobre, porém arrumado. O pobre melhorzinho. Não pode ser colocado no hall dos desenvolvidosainda.
Ainda perde feio pra periferia da Europa ocidental, como Irlanda, Portugal e Espanha. Também apanha nos indicadores pra muitos da Europa oriental (Polônia, Eslováquia, Eslovênia, etc.) e dos países bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia). Em crescimento recente apanha dos asiáticos, os tigres e os “tigrinhos”. Mas também não é essa tragédia toda. De fato na América do Sul é o país mais arrumado e organizado. Faltam direitos sociais, mas tem carga tributária baixa, dívida baixa, pouca vulnerabilidade externa, estabilidade econômica e financeira (coisa rara na América do Sul), inflação baixa, salário mínimo alto para os padrões do continente (400 dólares e mínimo com poder de compra de uma TV de 49 polegadas), etc. Também tem o PIB per capita (tanto em dólares como em PPP) maior da América do Sul e muito acima do padrão latino americano. O IDH é o mais alto do continente também, salvo engano. Indicadores educacionais são bons, apesar do alto custo da educaçãosuperior.
Grande parte do sucesso recente da economia do país se deu pelo deslocamento do comércio internacional do oceano Atlântico para o Pacífico, aliado, logicamente, aos acordos comerciais e da competitividade do Chile em setores específicos de alta aderência no comércio exterior. No caso: vinhos de alto valor agregado, pescados (salmão de cativeiro, por exemplo) e minérios (cobre). É um país de manufaturas sui generis, mas sem tanta sofisticação tecnológica assim. O turismo e a aviação civil (sede inicial da LATAM) são fortes atividades retentoras de divisas do país também. Uma época teve um modismo de falar do país em relação a TI (tecnologia da informação) e às startups, devido em grande parte a um texto de Steve Blank (empreendedor do Vale do Silício) e algumas reportagens pagas de revistas especializadas, além de um programa do governo para abrigo de startups de outras partes do mundo no Chile. No início dos anos 2010 chegaram a colocar o apelido de “Chilicon Valley” (em alusão ao Silicon Valley da Califórnia). Mas tudo não passou de uma hype boba e passageira. O Brasil mesmo proporcionalmente é bem mais forte no setor. O bom período econômico do país teve correlação com o ciclo dos emergentes (anos 2000) puxado pelo crescimento chinês e com a política moderada e social democrata (Eduardo Ruiz Tagle, Michelle Bachelet e afins), logo, não há motivos para histeria da esquerda social democrata e não revolucionária em querer provar a todo custo a falência do neoliberalismo no país. Não é bem assim. Nem o país foi totalmente neoliberal (a Codelco, a estatal do cobre, aliás nunca foi privatizada), nem o período Pinochet foi bom, o milagre chileno alardeado por Milton Friedman é uma falácia, mas também o país não é essa porcaria toda. Lembrando: negar dados é terraplanismo econômico. Não caíam nessa, por favor! Para terminar, é bom lembrar do controle de capitais proposto por economistas chilenos pós Chicago Boys e pós Pinochet. Isso foi um grande trunfo da gestão econômica do país, onde se evitou a crise financeira do final dos anos 90 devido a fuga de capitais dos emergentes, que começou nos asiáticos (tigres e tigrinhos) e terminou arrasando os sulamericanos (sobretudo Argentina, Venezuela, Equador e em menor parte o Brasil também). Fez a lição de casa sem aderir completamente à cartilha do FMI, que recomendava na época abertura total da Conta Capital e liberalização financeira. Sinal de consciência crítica dos economistas de lá? Talvez… Pelo menos de alguns deles, ligados à social democracia. Caso para refletir. Agora estão passando um perrengue devido à falta de direitos sociais básicos e por um raquítico Estado de Bem Estar Social. Enfim…Anúncios
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A CONTROVÉRSIA SOBRE A MMT 12 _sábado_ out 2019Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO _Professor Randall Wray, o papa da MMT (Modern MonetaryTheory)_
MMT, sigla em inglês para modern monetary theory (moderna teoria monetária), é o assunto do momento acerca de economia política e teoria econômica. A sigla, como explicada pelo seu formulador Randall Wray, foi uma ironia, pois as ideias da MMT já eram bem antigas e conhecidas, porem colocadas em notas de rodapé e esquecidas pelo chamado Novo Consenso Macroeconômico ou pelo Mainstream em geral, normalmente neo institucionalistas, novo clássicos e novoskeynesianos.
O corolário geral da MMT parte da premissa que um país com dívida em moeda soberana, ou moeda fiduciária doméstica, não tem como quebrar. Ou, não há motivos para tal país se restringir em termos de auto financiamento se sua dívida é doméstica. O argumento é básico: o país tem soberania na emissão de moeda e títulos públicos próprios. A síntese dos raciocínios da MMT pode ser resumida em quatro antigos economistas: Georg Friedrich Knapp, Abba Lerner, Michal Kalecki e Hyman Minsky. Uma vez que Abba Lerner e Hyman Minsky são classificados como economistas pós keynesianos, a MMT também flerta com alguns pontos do Sir John Maynard Keynes em suas duas principais obras: A Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda e Tratado sobre a Moeda. Principalmente com o princípio da demanda efetiva e a quebra da ideia do desemprego voluntário. No entanto há muitas interpretações keynesianas, sobretudo oriundas da síntese neoclássica, que batem de frente com a MMT. Os principais economistas atuais que divulgam as ideias e princípios da MMT são: Randall Wray, Warren Mosler, Bill Mitchell e Stephanie Kelton. Mas já tem vários outros economistas também adeptos e tornando isso público. Nos EUA a MMT se tornou popular devido adesão e divulgação de Bernie Sanders e Ocasio Cortez, ambos do Partido Democrata. No Brasil a MMT é muito difundida por um grupo de economistas do PSOL, mas também contou com a recente adesão de um grande nome da teoria econômica do Brasil, já tradicional economista antes ortodoxo do país desde os tempos do Plano Cruzado e Plano Real: André Lara Resende. Dentro da bolha de discussões e debates econômicos do Brasil, a “virada de cazaca” de André Lara deixou parte do Mainstream brasileiro, muito adepto do fiscalismo e da economia novo clássica, perplexos. Antes de aderir à MMT ele já vinha flertando com o confronto à ortodoxia econômica com seu livro Juros, Moeda e Ortodoxia, onde divulgava ideias também vindas do estrangeiro (o neo fisherismo de Cochrane e a TFNP (teoria fiscal do nível de preços)). Além do corolário geral da MMT, há outros princípios, sejam eles explícitos ou não. O pleno emprego, o combate à austeridade fiscal, o combate ao raciocínio simplório e a velha falácia do “dinheiro acabou”, combate ao TINA (“There is No Alternative”, a famosa frase da austericida fanática Margaret Thatcher), etc. Há também embutida na MMT os bons conceitos da Teoria Estatal da Moeda (Knapp) e das Finanças Funcionais (Abba Lerner), sendo o primeiro o que parte no meio a ideia do dinheiro dos impostos serem originalmente privados e o segundo a explicação lógica e funcional dos impostos. Há no pensamento leigo comum, inclusive antigamente espalhado por economistas consagrados (Armínio Fraga, por exemplo) e pela frase e meme de Margaret Thatcher muito compartilhado na internet, a ideia central de que o dinheiro público na verdade é o dinheiro das famílias. Nas antigas palavras de Armínio Fraga: “o meu, o seu, o nosso”. Ou seja, é a ideia que os impostos e a tributação em geral são um dinheiro tirado de forma coercitiva da população ex ante para financiar o Estado ex post. Mas não é bem assim, na verdade. A moeda fiduciária é uma criação estatal. Uma moeda doméstica nasce com a criação de um Estado nação e sua autoridade monetária, normalmente um banco central. Antes das existências dos bancos centrais normalmente os estados possuíam controle total sobre a cunhagem metálica e, posteriormente, também sobre a atividade bancária. Sendo assim o Estado fornece a moeda estatal para seu povo como forma de dinamizar as transações econômicas, substituindo assim o escambo (há outra discussão acerca da origem monetária não ser exatamente o escambo), além de ser uma forma de financiar e fornecer subsídios à sua produção interna de bens e serviços, batendo com a hipótese da não neutralidade da moeda. A moeda então tem natureza circular e produtiva. O Estado a empresta e a toma de volta, como forma de controlar as transações e consequentemente a economia. A ideia das transações econômicas primitivas terem nascido das relações primitivas de crédito (no caso, promessas verbais e promessas escritas de pagamentos), e não do simples escambo, também dialogam com a Teoria Estatal da Moeda de Knapp. Essas ideias da moeda criada como crédito podem ser encontradas no economista francês Michel Aglietta e no livro do jornalista e ativista David Graeber (Dívida, Os Primeiros 5.000 Anos). As relações modernas das autoridades monetárias (banco central) com os tesouros (os caixas dos governos) deixam bem claro como não são os tributos tirados das famílias e das empresas ex ante o verdadeiro financiador do dispêndio de Estado. A relação é ex post. Primeiro o Estado gasta para depois tributar. O saldo corrente da conta do Tesouro com o Banco Central, no caso brasileiro por exemplo, é o que define se há superávit ou déficit fiscal. Logo, déficit fiscal do governo é superávit do setor privado em moeda. E leia-se privado como famílias e empresas, desconsiderando o setor externo. Logo, superávit fiscal do governo é então déficit do privado. É impossível do ponto de vista prático coordenar gasto e receita de maneira exata e igual a 0 de saldo. Logo, nas relações modernas das autoridades monetárias com os tesouros há um comportamento de “toma lá dá cá” em moeda corrente, hoje representada por dígitos eletrônicos bancários, sendo um percentual muito baixo das transações monetárias em forma de moeda física (ou papel moeda, como são chamadas cédulas e moedas metálicas). A função do Estado então é a de prover para seu povo o aumento de bens e serviços, a utilização dos fatores de produção (incluso o trabalho humano) e o aumento da capacidade de produção (em economês, a formação bruta de capital fixo, FBCF). O Estado age então como comprador máximo e absoluto além de empregador de última instância em uma sociedade. Sua função é, portanto, crescer, desenvolver e empregar. Note que isso não diz respeito ao estatismo empresarial e à planificação econômica. A teoria diz respeito à moeda ser estatal, mas não a produção de bens e serviços serem estatais, logo… Como dito certa vez em um fórum de discussões sobre o tema: a MMT não é comunista, socialista, anarquista, capitalista, liberal, neoliberal, pentecostal, católica, etc. É a mera descrição de como funcionam economias monetárias e financeiras. Ou seja, se tem moeda doméstica e banco, a MMT explica. Isso independe da sigla e semântica políticas do país. Já a ideia de Abba Lerner quebra o velho mito e a falácia boba difundida por anarco capitalistas e libertários em geral do imposto ser uma forma de roubo. De acordo com as Finanças Funcionais o imposto é uma forma sui generis de retirar liquidez circulante da economia, preservando assim o seu poder de compra. Ou seja, é a velha conhecida política fiscal de combate à inflação. Preservando o poder da moeda face o aumento de bens e serviços, a tributação pode na verdade aumentar a riqueza privada de quem poupa ou empossa moeda residual. Cai assim o mito bobinho e falacioso do “roubo”. A Teoria das Finanças Funcionais de Abba Lerner reafirma a antiga ideia das políticas fiscal e monetária não serem tão independentes uma da outra, sendo ambas completamente interligadas e interdependentes. Esse paradigma inclusive flerta com a ortodoxia, ao contrário da MMT, chamada às vezes por detratores de um conjunto de ideias heterodoxas vulgares. Além disso a Teoria das Finanças Funcionais prega a busca da plena utilização dos fatores de produção com uma taxa de desemprego baixa e não inflacionária, dialogando assim com o pleno emprego de Kalecki e contrapondo o conceito de NAIRU, a taxa de desemprego não inflacionária do ortodoxo Edmund Phelps. Para terminar: a ideia das Finanças Funcionais é que o estoque da dívida em moeda soberana não deve ser uma preocupação para governos. A dívida pública serve como regulador da taxa de juros da economia, sendo apenas mais uma ferramenta econômica para regular o equilíbrio entre poupança e investimento além da oferta e demanda, e não um elemento extremo de restrição dos gastos, como costumam pensar as pessoas leigas no assunto. O raciocínio das Finanças Funcionais serve também de forma didática para acabar com a falácia da analogia entre o Estado e a dona de casa, comparando dívida pública doméstica com dívidas privadas pessoais. As donas de casa para amortizarem suas dívidas privadas normalmente precisam abdicar de consumo e investimento, e normalmente suas rendas não sofrem influência dos seus consumos privados ou dos seus endividamentos. Já no caso do Estado ele detém o controle da emissão de moeda corrente que paga suas dívidas e também possui monopólio total sobre o refinanciamento, uma vez que é ele quem emite os próprios títulos públicos. Fora isso a rolagem e refinanciamento da sua dívida visando aumento do dispêndio pode ocasionar em multiplicador fiscal e aumento do produto, melhorando o principal indicador de solvência financeira dos países, a relação entre dívida bruta e PIB. Para resumir: imposto não é fonte de financiamento de gastos e a dívida em moeda doméstica não é restrição de financiamento. NEM TUDO SÃO FLORES… A MMT vem tirando a ortodoxia econômica e o Mainstream acadêmico do privilégio de local de fala comum. A criação de controvérsias tem atraído atenção de gente importante, seja do meio ou não. Lawrence Summers chamou a MMT de “vodooo economics”, tentando estigmatizar. No entanto boa parte do Mainstream e do FMI vem assumindo: o Novo Consenso Macroeconômico falhou. E a ortodoxia também vem falhando. Olivier Blanchard faz parte desse time dos novos desiludidos. No Brasil o embate entre André Lara Resende e o ceticismo do grupo da Casa das Garças, notadamente Edmar Bacha e Mônica Baumgarten de Bolle, marca a controvérsia do tema. Mas nem tudo são flores naMMT…
As Finanças Funcionais e o combate extremo à austeridade na sua forma de restrição de gastos tem seus limites. Em muitos países subdesenvolvidos, emergentes e pobres, boa parte do estoque da dívida é contraída em moeda estrangeira e em paridade mundial de liquidez, o dólar americano. Assim esses países não tem controlar a rolagem de suas dívidas e seus próprios auto financiamentos. Os credores externos sempre vão cobrar austeridade fiscal como forma de amortizar suas dívidas. As moratórias e descontos das dívidas nacionais costumam causar fugas intensas de capitais e desvalorizações brutais da moeda doméstica, ocasionando em carestia pelo lado da oferta e muita inflação consequentemente. Os defensores da MMT costumam ser bastante fiéis e chegam até a serem agressivos na defesa dos princípios da sigla, portanto, eles afirmam que a existência da restrição externa via dívidas contraídas em autoridades monetárias não soberanas reafirmam o poder retórico da MMT, de que realmente em moeda interna não se entra em falência. E é uma verdade parcial e um tanto controversa. Será que governos não quebram em moeda doméstica mesmo? E, como dizem os próprios adeptos da MMT, a limitação do gasto e da dívida interna é apenas física (recursos naturais, insumos, trabalho humano e tecnologia)? Na minha opinião, mais ou menos, pois variáveis financeiras e especulativas influenciam os fatores de produção, para o bem ou para o mal. De fato não existe a falência do governo, masrestrições, sim.
Não existe apenas a restrição externa via desvalorizações da própria moeda em paridade dólar. Há também, ao meu ver, a restrição interna. O Estado tem poder sobre sua a própria moeda e sobre sua dívida soberana, mas não sobre o setor privado (mercado e famílias). Logo, a desancoragem das expectativas inflacionárias via taxa de juros, o açambarcamento e a pressão sobre os preços via especulação tornam se problemas graves. A inflação passaria a deixar de ser controlada do lado da demanda via taxa de juros para ser uma inflação de falta de oferta sem nenhuma dominância monetária, tornando o banco central um elemento frágil na sua função primordial. Fora que não é apenas a dívida externa que restringe a expansão fiscal de um país, pois a simples desvalorização cambial pressiona a economia interna via fenômeno de pass trough (sobem os custos internos devido ao encarecimento em moeda doméstica dos insumos externos). Lembra da famosa cantiga de Ciro Gomes sobre o trigo e o pão? É o pass trough. Trigo é pão e o nosso trigo é importado, logo, se o dólar fica mais caro, então o trigo e o nosso pão também ficam. E tem mais: um terço da nossa dívida é indexada na própria inflação, ou seja, se sobe a inflação também sobe o estoque da dívida. Piora o rating via relação dívida bruta e PIB, assim tornando a relação cambial mais dramática ainda. Vira um efeito cascata, pois a taxa de juro do Banco Central, a SELIC, deixa de perder a função primordial de controle inflacionário via ferramenta de meta de inflação para ser também uma arbitrária de câmbio. Isso é bem problemático do ponto de vista macroeconômico, principalmente considerado que quanto mais forças de mercado com ação vendedora desvalorizam a moeda doméstica mais juro seria necessário para conter essa fuga de dólares e normatizar o câmbio. O Brasil viveu isso nos anos 90, com taxas de juro colossais, próximo ao 50% ao ano. Toda essa instabilidade seria uma festa para financistas e especuladores, uma vez que eles ganham com a alta volatilidade. Já para o setor produtivo seria uma tragédia, uma vez que a incerteza e a volatilidade financeira é inimiga do acréscimo de FBCF. A possível inflação por falta de oferta acabaria também alimentando a inflação por demanda especulativa, ou sobre demanda. Seria, no caso, uma ocasião do Dilema de Triffin (demanda afeta preços ou preços afetam a demanda?). Em ocorrência de surtos de preços, a procura por se ancorar em ativos reais e mercadorias tornariam a subida de preços desses ainda mais incontrolável. Ou seja, vários fatores inflacionários se misturando e contagiando a economia real. Um cenário de caos e desancoragem. OBSERVAÇÃO: A VALORIZAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS EM MOEDA DOMÉSTICA E A IDEIA DO CÂMBIO DE EQUILÍBRIO, ALÉM DO NOVO DESENVOLVIMENTISMO, NÃO SÃO ASSUNTOS ALVO DESSE TEXTO. TEMAS PARAOUTROS TEXTOS.
Fora que, se o mercado perder o interesse em financiar o Estado via compra de títulos no mercado primário devido à falta de crença na capacidade de fluxo pagamentos do governo, o juro provavelmente voltaria a crescer mesmo em cenário de crescimento baixo. O juro básico não responde apenas à Inflation Target (meta de inflação) ou à Regra de Taylor, mas também à expectativa especulativa no mercado secundário dos títulos, e dessa forma o estoque da dívida pode influenciar o fluxo, mesmo com a ideia de que o estoque em moeda soberana não é um problema em si. A atuação do Bacen no mercado aberto facilita o cumprimento da fixação da meta da taxa SELIC definida pelo Copom, mas talvez não tenha plena sintonia com a inflação e com os encurtamentos de prazos da dívida sem a política fiscal alinhada. A pressão por melhores prazos e controle inflacionário invariavelmente irá pressionar o Tesouro a controlar os gastos primários de governo, leia-se, praticar austeridade fiscal. Sem a austeridade e com pressões no mercado aberto, a taxa de juros tende a subir e os prazos a encurtarem, como no vício pelas operações compromissadas na drenagem de excesso de caixa dos bancos. Com a elevação percentual do pagamento de fluxos financeiros em relação ao todo do Orçamento, o espaço fiscal para gastos primários ficam reduzidos da mesma forma. Acaba sendo uma verdadeira encruzilhada: você tenta crescer o gasto discricionário e o juro sobe, reduzindo o espaço fiscal. Mas você desce o gasto discricionário para descer o juro, aparecendo o já reduzido espaço fiscal devido ao decréscimo do discricionário. E o juro alto também é um custo de produção, como descrito por Nicholas Kaldor em seus clássicos artigos. Teríamos então que conviver com baixo crescimento aliado a limitação de crédito, uma vez que alta taxa básica aliada a baixo crescimento do PIB gera uma baixíssima demanda por crédito. Essa combinação perigosa poderia ocasionar em inflação de custos e na famosa mistura conhecida como estagflação, estagnação misturada à inflação. Nessas condições, como aumentar o espaço fiscal entre despesa financeira (juro) e gasto discricionário (investimento)? Com crescimento do PIB e das receitas acima do crescimento da inflação e do estoque da dívida, no entanto, não temos a fórmula pronta paratal.
Tem mais um detalhe a acrescentar: no raciocínio keynesiano a expansão fiscal é uma ação anti cíclica e pontual, e não uma ação duradoura em modo perpétuo (roubei esse termo da discussão entre Marcos Lisboa e Nelson Barbosa). O comportamento em modo perpétuo da expansão fiscal pode tirar a eficácia anti cíclica da mesma, tornando a na verdade pró cíclica via expectativas. Escassez gera aumento de preço. E aumento de preço muitas vezes gera taxa de lucro. A escassez pode não gerar aumento de lucro bruto, mas o indicador da atividade capitalista normalmente é a taxa de lucro, e não o volume de lucro. A expansão fiscal e a criação de moeda pode, portanto, fazer os capitalistas gerarem escassez de propósito. Seria o açambarcamento ou o mero desestímulo à expansão produtiva. É isso que causaria o efeito pró cíclico da economia. A quebra de braço entre a ideia de crowding out e sua inversão, o “crowding in”, também seria um fator de instabilidade e de greve de investimentos por parte do setor privado. No caso brasileiro a classe empresarial se interessa muito pela concessão de infraestrutura, desestatizações e privatizações. É a fome por lucros fáceis e rentabilidades garantidas. Então interessa ao setor privado a redução estatal, o ajuste fiscal, o contingenciamento de custos, etc. Talvez por isso a economia brasileira tenha desacelerado e entrado em recessão técnica em meio a uma grande expansão fiscal e monetária no governo Dilma. Não era do interesse do setor privado essas atuações macroeconômicas do governo. Foi o embrião das manifestações da chamada “Patópolis”. Ok, as expansões e os impulsos fiscais são bem discutíveis. Não é tema desse texto discutir esse assunto. Assim como não é tema do texto discutir se houve ou não ajuste fiscal no início do primeiro mandato Dilma, em 2011 e 2012. A parábola da “Fada da Confiança” não pegou também. Os ajustes fiscais e as contrações posteriores ao impeachment da ex presidente Dilma não fizeram a economia retomar com fôlego e nem a empregabilidade reagir como deveria. No meio de tudo isso ainda teve mudanças institucionais como a reforma trabalhista, reforma do ensino médio, EC do teto de gastos, etc. E esse ano, após a eleição de Bolsonaro, a reforma da previdência. Nada disso foi suficiente. A economia continua cambaleante, resultados lentos, déficit primário, empregabilidade ainda baixa, capacidade ociosa alta, nível de investimento em proporção com o PIB baixíssimo, etc. Agora, no mês de setembro de 2019, noticiado a primeira deflação em vinte anos, sinal de recuperação lenta e demanda frágil. A mera expansão fiscal desregrada e desregulada pode sim, ser um fator de instabilidade financeira e desaceleração do produto, seja por vias políticas ou não. Evidente, no entanto, que isso não justifica o raciocínio austericida e recessionista. Mas não dá para deixar de pontuar ambos os lados. Talvez um melhor debate sobre o assunto seria relativo à qualidade e eficiência do gasto, aceleração do crescimento e multiplicidade fiscal em ações governamentais de expansão monetária ou fiscal. Seria outro nível e aprofundamento de debate. Outro bom debate seria o do repasse da queda da SELIC aos juros praticados no mercado de crédito brasileiro, onde já existem bons papers e estudos sobre o assunto. De fato, no momento, há uma luta entre a burguesia brasileira e o Estado (aliás, o tamanho e atuação do Estado). Há pressões políticas cada vez maiores pela selvageria do extremo liberalismo e redução de demandas sociais básicas, além de tentativa forçada de contenção de ganhos trabalhistas, empurrando cada vez mais os extratos médios da sociedade à proletarização e precarização. A ascenção do aplicativo Uber e dos aplicativos de entregas tipo Ifood e Rappi no mercado de trabalho são consequência disso. Além das multiplicadas ações de informalidade, às vezes gourmetizadas de maneira forçosa, como na descrição de “Dark Kitchens” para simples serviços de entregas de comidas caseiras. A MMT não explica essa luta entre burguesia e governo, e de fato é uma fragilidade teórica dos adeptos da sigla. Achar que a mera expansão fiscal ou monetária vai gerar demanda por utilização da capacidade ociosa, acréscimo do investimento e aumento da empregabilidade é, no mínimo, uma constatação ingênua. É querer supor uma ingenuidade da burguesia e uma perca da força dela face às vontades dos governos. Ainda que os fanáticos pela sigla argumentem que isso é um espantalho, não dá para negar que o conjunto de princípios da MMT leva à crença da mera expansão fiscal e monetária como indutores do crescimento sem a influência do setor privado, da taxa de lucro e da formação das expectativas. Também desconsidera a influência do mercado financeiro e do capital fictício na instabilidade da economia real, mesmo tendo influência teórica em Minsky no seu conceito de “Grande governo”. É uma verdade incontestável: de fato o dinheiro não acabou e não temos risco de default em moeda própria. Mas temos outra verdade dolorosa: o ciclo de crescimento da América do Sul dos anos 2000 acabou. E não há sinais de que aumentar o gasto discricionário irá retomar àquele ciclo. Se assim fosse, nunca haveria desaceleração antes dos contingenciamentos, no momento da continuação das alavancagens da relação Tesouro/BNDES e no aumento brutal de subsídios fiscais do começo dessa década.REFERÊNCIAS:
*Será que “Acabou o Dinheiro”? Financiamento do gasto público e taxas de juros num país de moeda soberana Franklin Serrano e Kaio Pimentel *Teoria das finanças funcionais e o papel da política fiscal: uma crítica pós keynesiana ao novo consenso macroeconômico Gabriel Caldas Montes e Romulo de Couto Alves *Resultado estrutural e impulso fiscal: aprimoramentos metodológicos Sérgio Gobetti, Rodrigo Orair e Frederico Dutra *Autonomia do Banco Central: estabilidade de preços ou estabilidademacroeconômica?
Luiz Fernando de Paula *A inércia da taxa de juros na política monetária Fernando de Holanda Barbosa *Dominância fiscal ou dominância monetária no Brasil? Uma análisede causalidade*
Sérgio Ricardo de Brito Gadelha e José Angelo Divino *Trabalho e moeda hojeRandall Wray
REAGANOMICS, TRUMPNOMICS E JAIR BOLSONARO 17 _quarta-feira_ out 2018Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO O governo Ronald Reagan foi o rei do déficit fiscal. Foram oito anos ininterruptos de déficits fiscais altos. Seu período teve um conjunto de políticas econômicas apelidada de “reaganonomics”, com cortes tributários e incentivos diversos à oferta, além de incentivos ao repatriamento de investimentos e capitais. O governo Trump atualmente vai na mesma linha. Juro alto para contenção de liquidez internacional através da “independência” do FED, valorização da própria moeda e déficit fiscal alto. Na verdade, no histórico dos EUA normalmente o Partido Republicano (direita) é sempre com déficit fiscal alto e governos do Partido Democrata (oposição) são com redução do déficit ou superávits fiscais. Não estou inventando, pois isso é informação dada. No site Trading Economics tem. A tal “Curva de Laffer” é um embuste, só que não é desonesta. Fala de arrecadação, não de déficits/superávits. Mas a maioria dos leigos não sabe diferenciar alhos de bugalhos. A arrecadação pode aumentar com o aumento do déficit ao mesmo exercício, pois não há relação de causalidade automática entre as duas variáveis.Sim, e ?
Vamos para o Brasil. Os EUA são bem diferente do Brasil, comosabemos.
O Brasil, como nação subdesenvolvida e emergente, não pode operar muito tempo com déficits primários elevados, mesmo com soberania da dívida (dívida em moeda própria). A elevação do estoque da dívida ocasiona em pressão absurda por juro como prêmio de risco. Esse juro causa uma imensa pressão no Orçamento, no lado do gasto/despesa. Essa despesa com o serviço da dívida, no caso despesa financeira, tira poder de despesa com saúde, segurança, educação, ciência e tecnologia, etc. Ou seja, a despesa que todos com bom senso gostariam de ver aumentadas. Não custa lembrar para os leigos de plantão: o dólar é moeda-padrão mundial de conversibilidade, já o real não. Então a suposta soberania do Brasil é limitada, uma vez que não há conversibilidade da sua moeda internacionalmente. Se rasgar a LRF, até dá para pagar a dívida pública “imprimindo” moeda, mas isso vai ocasionar em super-indexação da economia mais uma vez. Aí provavelmente entraremos em contexto de inflação descontrolada outra vez. Os emprestadores do governo só vão aceitar emprestar com indexação à inflação ou ao dólar, evidentemente. Logo, mais impressão significará mais dívida da mesma forma. Enfim, Bolsonaro vai precisar aumentar impostos para curar o déficit primário. Não tem pra onde correr. E se fizer isso, vai entrar em contradição com as próprias palavras atuais, provando do mesmo veneno que Dilma no biênio 2014-2015 e do que a maioria dos políticos, de falar uma coisa na campanha e fazer outra logo após. E o Brasil já opera em déficit primário desde o começo da crise econômica e política. Desde 2014 começou oficialmente o déficit primário, após uns quinze anos ininterruptos de superávits… Se cortar impostos, vai aumentar e muito o déficit. Isso é realidade até nos EUA sem recessão, que dirá no Brasil que ainda não serecuperou da crise.
Mesmo se houver aumento de arrecadação com corte de impostos, o que é muito improvável – para dizer quase impossível – no caso do Brasil, ainda assim haverá déficit. Se aumentar e muito o déficit, provavelmente teremos risco de moratória/default ou então de uma elevação brutal do juro SELIC para fechar as contas. Vamos traduzir isso tudo para quem não entende nada: existe uma alta possibilidade de em pouco tempo o governo de Bolsonaro ter uma impopularidadehistórica.
Há chances de repatriação de capitais em massa, a vinda finalmente da famosa “fada da confiança” do mercado, a valorização do real, surto de entrada de capitais na bolsa e afins? Talvez, talvez… Ou será que além de paraísos fiscais, os ricos tenham entesourado uma montanha de dinheiro que poderia entrar na economia real com o “Fator Bolsonaro”? Outra hipótese muito remota, para não dizer estapafúrdia e ridícula. Na economia nada é impossível, mas dá para prever o que é muito improvável. Eu acho quase impossível a economia nadar de braçadas apenas por otimismo e confiança (fada), mas a população está pagando pra ver, se colocar ele como vencedor das eleições. Pode haver também uma euforia momentânea com um ou dois anos no máximo, mas no terceiro ano a vaca já pode ir para o brejo totalmente, parecido com o caso de Mauricio Macri na Argentina. Na economia não existem milagres, infelizmente (ou “felizmente”, se for para torcer contra Bolsonaro). O “milagre” brasileiro do Regime Militar foi feito com muita dívida externa e erros grosseiros. O “milagre” japonês foi feito com um caminhão de dinheiro norte-americano. O “milagre” coreano foi feito com um caminhão de dinheiro norte-americano mais repasses de tecnologia dos EUA e do Japão… O “milagre” de Israel foi feito com mesada permanente dos EUA. O “milagre” da Alemanha Ocidental contou com um caminhão de dinheiro norte-americano. O milagre da reconstrução da Inglaterra e da França no pós-II Guerra também veio com condições favoráveis de financiamento por parte dos EUA (Marshall Plan), além do período de ouro da economia monetária e internacional (Bretton Woods_). _Enfim, os “milagres” não são tão bem milagres, são apenas repasses de capitais. Condições muito favorecidas. Há os casos de “catch-up” recentes de Cingapura e China, que tiveram condições _sui generis _e política bem sucedidas de superação do subdesenvolvimento, mas isso é assuntopara outro post.
E tem mais: Paulo Guedes (o economista de Bolsonaro) não tem boa fama nem entre os economistas ortodoxos. É considerado um excêntrico meio renegado, mesmo tendo currículo internacional e renomado. Aliás, isso de currículo recheado de titulações nos EUA não é sinônimo de sucesso na “arte da economia”, a parte prática dacoisa.
Guedes acredita nas privatizações em massa para sanar a dívida pública, receita que se mostrou completamente fracassada durante o governo FHC. Nos anos 90 houve diversas privatizações e a dívida não caiu nem em números brutos e nem em porcentagem do PIB. Pelo contrário, aumentou e muito. Fora que normalmente a expectativa em torno das privatizações tende a puxar o preço cada vez mais pra baixo, além da maior pressão por altos retornos de capitais (remuneração do ativo), em caso de concessões de infraestrutura. É um cenário caótico e impopular, na maioria das vezes. O saneamento da dívida em proporção com o PIB só teve duas quedas drásticas do período democrático pra cá. Sendo então: 1 – No governo Collor, o Plano Collor 1 (ou “Plano Brasil Maior”) permitiu o decréscimo da dívida em proporção ao PIB por um curto período. Com o governo substituto, Itamar Franco, também houve maior redução devido ao sucesso inicial do Plano Real. 2 – O período Lula (2003 a 2010) houve queda da dívida bruta e líquida em proporção ao PIB, apesar do crescimento da dívida nominal. O contexto econômico de abundância de capitais, boom de commodities, super crescimento da China e afins, favoreceu. Além disso, houve uma política de suscetivos superávits primários e acúmulos de reservas em dólares, então, mesmo com o juro real escorchante do período, houve o acréscimo de solvência do Estado. Dois cenários bem _sui generis_. E diferente do governo Lula, o governo Collor foi bastante impopular. Hoje o cenário é bem diferente. O problema do Brasil é claramente o fiscal e a subida quase ininterrupta da proporção dívida bruta com o PIB. Isso no tocante à parte mais tecnocrata possível, mas o desemprego e o “pibinho” (mínima recuperação a quase 6% de PIB perdido de 2014 a 2016), aliado à falta de otimismo/confiança de toda população, são os fatores econômicos mais próximos ao sentimento da população. Dá para fazer paralelos com governos de direita populares naeconomia? Depende.
Os exemplo mais notório de recuperação econômica com governo de direita foi o de Adolf Hitler e seu ministro financista Hjalmar Schacht. Controle inflacionário, déficit fiscal, eliminação do desemprego (também via manipulação de dados estatísticos, tirando os judeus da conta de desemprego involuntário do país) e um intenso plano de obras públicas aliado a outro intenso plano de reindustrialização via demanda agregada e empurrão forçado. Deu muito certo… Na economia! Mas foi o passaporte para ele poder achar que poderia ser dono do mundo tempo depois… Nos EUA, com certeza o mais lembrado foi Reagan e seu “reaganomics”, com déficits fiscais brutais, mas um ganho político incontestável (até por minguar a competitividade da União Soviética e do Japão com os EUA ao mesmo tempo). Herbert Hoover foi um desastre na tentativa de recuperação econômica da crise de 1929. Gerald Ford e Bush Pai enfrentaram crises, mesmo não tão severas. Bush Filho gestou a segunda maior crise da história dos EUA, a crise de 2008. A nossa vizinha Colômbia enfrenta uma década de crescimento econômico bem relevante com governos de direita e famosos governos municipais (caso de Medellín e Bogotá) de centro-esquerda moderada (social-democrata), como Antanas Mockus e Enrique Penãlosa. Mas também é difícil traçar um paralelo… Enfim, não dá pra prever nada, mas é bem provável que seja um grande fiasco em pouco tempo. Não vou cravar pois posso errar feio, e em economia nada é impossível, mas é a lógica. Até existem economistas qualificados alinhados com o liberalismo econômico e com a direita moderada, como é o caso de Desemprego Pessoa… ops! Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, André Lara Resende, Mônica Baumgarten de Bolle, Edmar Bacha, Mansueto Almeida, Felipe Salto, Gustavo Franco, etc. Mas esse pessoal não está com Bolsonaro.Por enquanto não.
Também existem os ortodoxos de “esquerda”. Ou, melhor dizendo, moderados. Aceitam trabalhar para governos de centro-esquerda e são tecnicamente muito qualificados. Nesse time entram João Sayad, Demian Fiocca, José Luís Oreiro, Nelson Barbosa, etc. Falo de “qualificados” não do aspecto crítico. Bem longe disso. Mas são pessoas muito versadas na tecnocracia da coisa. Mas Paulo Guedes é praticamente um zé ninguém que estudou em Chicago e fez uma tese de doutorado por lá que ninguém deu muita relevância. Segundo uma matéria, trata-se de um apanhado de equações… No meio acadêmico é bem irrelevante, apesar da passagem por Chicago. Não foi aceito professor nos grandes centros de economia ortodoxa do Brasil (EPGE e PUC-Rio). Deu aula no Chile daépoca de Pinochet.
Para terminar, Guedes tem fama de ter um temperamento difícil e pouco conciliador, algo muito complicado para um ministro da fazenda, que precisa aguentar muita pressão e negociar com muita gente complicada (empresários, políticos e líderes sindicais).É esperar pra ver.
Nota: existem muitos bons economistas não tão conhecidos no Brasil, logo, difícil lembrar de todos os economistas bem versados nos aspectos técnicos. No entanto gerir um ministério exige competências extra-acadêmicas. AUDITORIA DA DÍVIDA E MMT (A MODERNA TEORIA MONETÁRIA) 05 _sexta-feira_ out 2018Posted by diogomnz
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Knapp, autor da obra Teoria Estatal da Moeda Prestes a ocorrer as eleições presidenciais de 2018 e com uma provável vitória de um candidato de extrema-direita (sim…), o debate dos simpatizantes de esquerda que gostam de economia se situa entre a auditoria da dívida pública e a oposição da auditoria, no caso, dos adeptos da moderna teoria monetária (MMT) e das finanças funcionais (Abba Lerner). A ideia é que existe uma confusão de grande parte da esquerda acerca da dívida pública entre o fluxo e o estoque da dívida. Grande parte da literatura e até da filmografia (caso de um documentário que está acessível no youtube) da esquerda coloca a culpa da austeridade, dos minguantes gastos sociais, da estrutura precária dos bens públicos e da perca do conflito entre capital e trabalho na existência e estrutura da dívida pública. E isso de fato é verdade. No entanto a divergência se encontra na análise do problema. Uns veem no fluxo (adeptos da MMT), outros no estoque (adeptos da auditoria). Mas o que é a MMT? A moderna teoria monetária tem diversos autores e teóricos. Pode ser dito como um conjunto de raciocínios acerca da história da moeda e da teoria monetária, fiscal e de orçamentospúblicos.
Começa com a obra do economista alemão da escola historicista George Friedrich Knapp, com seu livro Teoria Estatal da Moeda. Depois passa por Abba Lerner (o pai das finanças funcionais), Kalecki, Keynes, Hyman Minsky, Michel Aglietta, André Órlean, Randall Wray e outros menos conhecidos (Bill Mitchel, Warren Mosler, Duncan Foley, MatíasVernengo, etc).
Hoje o livro de David Graber (Dívida: os primeiros 5000 anos), misturando antropologia das finanças e da moeda com o histórico raciocínio da MMT, talvez seja a principal bíblia da MMT para novatos. O livro “Austeridade” do inglês Mark Blyth também é bem enaltecido pelos adeptos da MMT. Esse eu ainda não li,infelizmente.
A MMT consiste basicamente no raciocínio de que a moeda não é uma mercadoria, mas um sistema de crédito para produção e trocas. É a antítese da ideia da moeda como um substituto da prática do escambo para suprir a demanda por uma mercadoria conversível universalmente. A teoria da criação da moeda como substituta do escambo foi a teoria inicial de Adam Smith e depois amplamente aceita tanto na economia política clássica como na revolução marginalista/neoclássicos. E Marx? Marx desenvolveu sua teoria da moeda/mercadoria nos seus volumes 2 e 3 da obra O Capital, principalmente. Aceitava a ideia de Smith, logo, não era apóstolo MMT. Até porque o livro de Knapp veio ser publicado muito após seu falecimento. Mas há quem diga que se ele fosse contemporâneo ao raciocínio MMT, seria adepto, uma vez que a ideia tem zonas de convergência com seu pensamento político. Sobretudo acerca da luta de classes, uma vez que essa se desenvolve nas modernas economias através do Orçamento Público e dosistema da dívida.
E como fica a explicação da moeda como um sistema de crédito na ideia da MMT? Segundo autores como Graeber, Aglietta / Órlean (teoria da dívida primordial), Wray e até um historiador ultra conservador como Niall Fergunson, a moeda nasceu para suprir civilizações tradicionais através da produção de mercadorias, abastecimento geral e confiança mútua em pagamentos e/ou abastecimentos futuros (crédito). Isso vai de uma descrição do uso de talhas de madeiras até pedras com marcações(Mesopotâmia) em antigas civilizações. Seriam versões rústicas do famoso “caderninho do fiado”, tão famoso no Brasil inteiro. E de fato essa explicação e teoria faz mais sentido que o escambo automático e a moeda como mercadoria conversível padrão para substituir o escambo. Quem já trabalhou no comércio sabe que nos próprios negócios intra empresariais (B2B, leia-se, empresa vendendo pra empresa) existem muitos acordos baseados em crédito de mercadorias e acordos verbais de fluxo de pagamentos. Um empresário X adianta uma soma de mercadorias em troca de pagamentos futuros a fornecedor Y. Assim funciona o mercado. No século XIX, todo esse debate acerca do sistema de fazer dívida ante a ideia de acumular reservas existiu entre a “Currency School” (moeda mercadoria / metalismo) contra a “Banking School” (raiz da MMT) na Inglaterra. Assim como “Bulionistas” (metalismo) contra “Não-Bulionistas” (MMT). Ok, muito legal a explicação, não é? Mas onde entra o debate sobre a dívida pública do Brasil e da nossa realidade? Como ampliar orçamento, dispêndio governamental, gastos sociais e tantas demandas sem antes cortar a dívida, seja por auditoria ou por amortizações? É preciso tentar esclarecer algumas coisas confusas para o público leigo. E às vezes nem tão leigo assim… Há conhecimentos da gestão da dívida pública que fogem até ao conhecimento dos próprios economistas e formandos na área. A confusão entre fluxo e estoque é um gargalo de conhecimento de contabilidade e balanços financeiros de bancos. Talvez uma falta de uma formação mais sólida. Nos tempos de Maria Conceição Tavares e Ignácio Rangel, diziam que entre eles conversavam: – “Economista de esquerda precisa entender de balançobancário…”.
Logo, o sistema de rolagem da dívida pública faz com que a mesma não seja amortizada. Ou pelo menos não como a maioria acha. A regra é que o governo não “paga” o estoque da dívida, mas apenas o fluxo. O estoque é sempre ampliado através de emissões de novas dívidas, através dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e que ficam em posse do Banco Central do Brasil. Esses títulos ficam na carteira do Banco Central do Brasil e são vendidos aos ‘Dealers’ no mercado primário. No mercado secundário circulam como ativo circulante interbancário e mercado de ativos financeiros para pessoas físicas ou investidores institucionais. O famoso Tesouro Direto, que tanto falam por aí… Fazem parte as famosas notas do tesouro (NTNs) e as letras financeiras do tesouro (LFTs). O Banco Central imprime os títulos antes do pagamento de outros títulos. Assim é feita a tal “rolagem”. Sem pagamento de estoque, ou seja, sem amortização da dívida. O pagamento feito é o de fluxo (que é juro, ou, despesa financeira). Assim a preocupação com a divisão dos gastos de governo, onde ficou famoso o tal gráfico pizza da Auditoria Cidadã da Dívida Pública (movimento da auditora Maria Lúcia Fatorelli), fica na política de juros e no perfil dos títulos públicos. Se são atrelados inflação, ao câmbio, à SELIC meta, etc. Ou seja, preocupação no fluxo, não no estoque. O fluxo da dívida divide espaço com os gastos que a população tanto quer (educação, segurança, saúde, ciência e tecnologia, etc… Todos componentes do orçamento públicoda União).
É necessário falar que dívida pública em moeda soberana, onde o Estado tem poder e tutela, é diferente de dívida feita em moeda externa (notadamente o dólar, mas também pode ter em euros). Dívida em dólar é difícil controlar a sua desvalorização ou rolagem/liquidação, uma vez que o país que tenha feito seja emergente/subdesenvolvido. Aliás, a história mostra bem isso… Atualmente temos Argentina e Turquia para provar. Logo, a auditoria da dívida do Equador fazia sentido, uma vez que tinha sido feita em dólar. Moeda não-soberana pra eles. Se o governo fosse uma pessoa, a explicação da MMT para explicar a confusão entre fluxo/estoque ou despesa/receita seria como a pessoa criar sempre novas dívidas para pagar dívidas antigas, sempre ampliando o seu consumo pessoal durante esse processo. A cada nova dívida que a pessoa fizer, ela amplia mais o seu estoque de mercadorias retidas. Aí é que entra a baboseira de comparar orçamento público com orçamento da dona de casa. Não tem o menor cabimento, uma vez que a dona de casa não tem controle sobre a gestão da própria moeda e do que ela pode comprar! O Estado tem o poder de criação da sua própria moeda e acesso a políticas de incentivos à produção, logo, deve utilizar as finanças públicas para turbinar a sua própria economia (com pleno emprego), e não para pagar dívida. A dívida então deve servir economia, mas não ter uma dívida para servir à própria dívida (em bom português, ao rentismo). Essa é a ideia da MMT (modern monetarytheory).
Após a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil, ficou proibido o recurso da Senhoriagem (impressão de moeda) para financiamento público. No entanto a Senhoriagem não é um recurso único para fins expansivos, uma vez que existe a ferramenta de imposto inflacionário e a criação de crédito. Para tentar entender melhor isso, seria interessante pesquisar as leis das finanças funcionais de Abba Lerner. Além disso, o financiamento público se dá via emissão de novos títulos públicos para troca com a moeda fiat, ocorrendo a retenção de recursos. Além, é claro, do recurso da tributação. Nas finanças funcionais a tributação funciona como um enxugador de liquidez excessiva ou retentor de renda privada excessiva. Logo, quando se fala que cerca de 45% do orçamento da União é utilizado para amortização e pagamento de juros da dívida, até é verdade. No entanto isso leva em conta apenas a despesa, mas não a receita. O orçamento é feito com despesa e receita, não só com despesa! Romper com o pagamento da despesa pode então romper com a possibilidade da receita (via demanda por títulos públicos). De novo podemos fazer uma comparação tosca com uma pessoa, com ela negando o pagamento da dívida pessoal, mas no entanto, deixando de ter cartão de crédito para antecipar o seu consumo. Sim, o cartão de crédito é um péssimo negócio no Brasil, mas não por sua simples existência, mas sim pelo seu juro extorsivo de aproximadamente 400% ao ano. Logo, de novo temos o raciocínio da MMT em curso. O problema não é o cartão de crédito, mas o juro. Então o problema é de fluxo, não de estoque. Você pode pensar que a MMT ganhou fácil essa polêmica, mas não é tão simples assim… O estoque influencia o fluxo. O juro é o preço do risco-país, que envolve também sempre o volume do estoque. A auditoria e o possível confisco pode ser uma penalização do rentismo e parasitismo financeiro, forçando uma entrada dos recursos na economia real. Se isso causaria ou não uma possível aceleração inflacionária, é outra questão. A política de contenção de fluxos também pode provocar aceleração inflacionária, sobretudo via expectativas, uma vez que vivemos em uma democracia com anarquia de preços de mercado. Baixar juro (SELIC meta) e aumentar crédito via banco público ou afrouxamento quantitativo nos depósitos compulsórios, duas políticas ligadas à MMT, também podem ser políticas inflacionárias. Logo, não é tão simples assim. A inflação também não pode tutelar toda uma política econômica de um país. Os próprios documentos do FED e do Banco da Inglaterra mostram entre as metas o pleno emprego, a produção, a utilização da capacidade ociosa, o PIB, enfim… A inflação pode ser uma métrica de avaliação da escassez. Mas o seu combate fundamentalista pode ocasionar em mais escassez. No Brasil e em outros países isso é uma correlação mais do que evidenciada. E com claríssima causalidade entre variáveis. Enfim, recomendo a leitura de todos os autores mencionados.Abraços.
BITCOIN E CRIPTOMOEDAS, PARTE 2 19 _domingo_ ago 2018Posted by diogomnz
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Post trazido do Facebook. Sobre Bitcoin e blockchain, já que tocaram nesse assunto hoje na minha TL e o assunto é bom. Vamos lá… 1 – O alto consumo energético vai acabar o Bitcoin e o desenvolvimento da Blockchain? Use o raciocínio lógico para responder essa pergunta para si mesmo. O consumo energético do Bitcoin e da maior parte dos tokens da Blockchain é maior do que o consumo energético das transações monetárias tradicionais via bandeiras intermediadoras (estilo VISA e Master) desde o início da sua grande popularização em meados de 2012/2013, apesar da invenção do Bitcoin datar de antes (2009)… Se isso é sabido desde sempre, por que ainda não acabou todo o trabalho de desenvolvimento e aprimoramento tecnológico da Blockchain? Isso é raciocínio lógico, não é necessário outro conhecimento aprofundado. Pensar é de graça. As pessoas falam e escrevem mais do que pensam. Se ainda não acabou, provavelmente é porque o argumento do consumo energético é ainda insignificante para a continuação do seu desenvolvimento. Isso é uma obviedade. Ou será que essa informação do consumo energético é ultra secreta e ninguém sabe, fora alguns super descolados e bem informados? Todo mundo está careca de saber. Até as baratas sabem. Pelo amor de deus. Fora que tem várias Altcoins com consumo bem menor e que também utilizam o conceito de Blockchain, é claro… Todas elas tem cotação bem menor do que opróprio Bitcoin.
2 – Sobre os “criptolovers” e “anarco-capitalistas” que dizem que a moeda fiat vai acabar e os bancos tradicionais vão sumir do mapa. É fácil desmontar esse pessoal. Mais fácil do que tomardoce de criança.
Primeiro: a maior parte da adoção do Bitcoin é puramente por componente e comportamento especulativo, e não transacional-prático. Se fosse transacional-prático, usariam Paypal ou cartão de crédito mesmo. Isso é uma obviedade. Falo principalmente do volume de dinheiro que faz os movimentos de entrada-saída, não da quantidade de usuários. Logo, sucessos e insucessos da especulação em moeda fiat dependem da própria cotação em moeda fiat!!!!!!! Porra, lógico!!! Logo, é puramente necessária a existência da moeda fiat para validar a especulação das criptomoedas!!!! Isso é raciocínio lógico, não é conhecimento de tecnologia e nem de teoria monetária. Então, resumão básico: Sem moeda fiat, sem especulação. Sem especulação, sem desenvolvimento, uma vez que programadores e engenheiros precisam pagar as contas domésticas. Sem desenvolvimento, sem transações. Não precisa ser gênio. De novo, basta pensar! A pessoa que tem dificuldade com isso é meio burra… Só pode! 3 – Os “lovers” e “market anarchists” em geral podem dizer que o fim da moeda fiat não evitaria a especulação acerca do Bitcoin e das Altcoins (os tokens e moedas digitais secundários e alternativos). No caso, poderiam utilizar o argumento de que a especulação se daria com a utilização de ativos reais (imóveis, estoque de mercadorias, serviços, etc.). Seria a completa “tokenização” da economia real, feita de ativos reais. Os ativos então de uma hora pra outra seriam quantificados em tokens… Essa hipótese desconsidera a própria história do capitalismo, uma vez que o capitalismo nasceu com o registro da propriedade por parte de um Estado, logo, nunca existiu capitalismo sem Estado. E essa é a visão clássica da história do capitalismo. Outra visão fora desse arcabouço é uma visão alternativa e sem consideração/relevância. Portanto, nunca existiu capitalismo sem Estado. Ponto. O que querem supor então é algo totalmente novo desde o advento da Idade Contemporânea e da formação dos primeiros Estados-Nações modernos (Reino Unido e França). Uma espécie de volta ao feudalismo com nova roupagem. Ao invés de reis e rainhas, ou senhores feudais, teríamos a governança corporativa das blockchains escolhidas (como a blockchain famosa da Ethereum por exemplo, com seu CEO Vitalik Buterin, sendo ele uma espécie de rei-governante…). Considerando essa hipótese, o token para se valorizar mais dependeria da livre negociação dos maiores donos de ativos. Logo, dependeria dos ricos. E quem são os ricos? São os donos do dinheiro. Os proprietários do capital. Logo, a inutilização da moeda fiat depende logicamente DOS RICOS, não dos meninos buchudos “criptolovers” e “market anarchists”, que na sua grande maioria são investidores nanicos (a famosa sardinhada, o rebanho de sardinhas). Logo, sem o aval e a validação deles (os barões), sem o fim da moeda fiat. Claro! E achar que os ricos vão se livrar do Estado para migrar para a governança alternativa das blockchains é uma visão, no mínimo, muito infantil e adolescente. Talvez pior do que isso. Burra mesmo. Basta pensar o seguinte: em time que está se ganhando não se mexe! Eu também posso acreditar que Flávia Alessandra e Monique Alfradique deveriam dar bola e implorar pra ficar comigo. Tipo assim. Eu acho que isso tem mais chances de acontecer do que George Soros largar todos os seus registros de propriedades transnacionais para abraçar Vitalik Butterin (fundador da Ethereum) ou qualquer outro nerd-estudioso criador de uma nova blockchain robusta. Monique faz o tipo que gosta de mim. Vai saber né… 4 – Previsão de preços de mercado em cotação de moeda fiat quem faz é grafista e analista de mercado. Mesma coisa de ações e mercado de capitais em geral. 5 – Previsão de curva de adoção tecnológica quem faz é pitaqueiro tecnológico. Muitos erram. Alguns acertam. John McAffe disse que se a SEC permitisse a compra/venda dos tokens Ethereun sem considerar os mesmos como ativos, os peixes andariam de bicicleta. Um monte de gente foi lá no twitter dele postar montagens com peixes andando de bicicleta meses depois, pois a SEC não teve esse entendimento. Ele ficou rindo dos posts trolls. A última dele foi dizer que se o Bitcoin não chegasse a 1 milhão de dólares a unidade antes de 2020, ele chuparia o próprio p… Figuraça. Muito engraçado. Fanfarrão. Lacrador. Até pelos cálculos esse acontecimento não faz o menor sentido. Para chegar nesse preço unitário o volume global da Blockchain (Bitcoin mais as outras 1700 Altcoins) deveria pular para pelo menos uns 40 trilhões. A maior bolsa de valores do mundo, a NYSE, movimenta 20 trilhões. McAffe fumacrack, pelo visto.
Especialista de tecnologia normalmente erra muito. Bill Gates dizia que a internet era uma farsa nos anos 90. Deu no que deu. Adoção tecnológica depende de tentativa e erro, logo, previsões sempre sãoapostas.
6 – Não adianta assistir palestra sobre criptomoedas se não consegue pensar e raciocinar por conta própria. Seja de quem for, entusiasta ou detrator da Blockchain e do Bitcoin. Na verdade isso vale para qualquer assunto, seja esse ou outro. Se a pessoa assiste palestra e não consegue refletir sobre aquilo que foi dito, e toma sempre como verdade absoluta dita por palestrante, ela tende a ser analfabeta funcional e retardada mental. É a minha opinião, mesmo que polêmica. Por isso eu acho tão importante os conceitos pedagógicos de Paulo Freire. 7 – Colocar palavra na boca dos outros só existem duas hipóteses: – Analfabetismo funcional / dislexia / Má interpretação de texto (extrapolação e falácia dedutiva)– Mau caratismo
Nada mais além disso. 8 – Para falar desse assunto não precisa ser PhD em economia monetária. Nem de perto. Basta ter raciocínio lógico e conhecer o básico da história do capitalismo (Braudel, Landes, Polanyi, Max Weber, Schumpeter, Maurice Dobb, Marx, etc.). A história da moeda e do dinheiro se confunde com a história do capitalismo, mas nem sempre. Não são a mesma coisa. 9 – O capitalismo é mais ou menos dinâmico e transformador em algumas coisas, mas absolutamente conservador em outras. Há coisas que não mudaram desde o início. Achar que a Blockchain vai alterar isso é de uma inocência sem tamanho. É a mesma coisa dos coitados/ingênuos falando que UBER revolucionaria o transporte e que as microcervejarias artesanais quebrariam a Heineken e a AB Imbev. Coisa de menino buchudo entusiasta, pouco maduros e com pouca leitura. …………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. Tentarei voltar a falar sobre o tema no abandonado blog. O FIM DA HEGEMONIA NORTE-AMERICANA? 21 _sábado_ abr 2018Posted by diogomnz
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≈ 1 COMENTÁRIO
Vez por outra surgem na internet várias hipóteses nesse sentido. Os argumentos às vezes são repetitivos e bem antigos, mas agora parece que a conversibilidade do petróleo em yuan renminbi (a moeda fiat chinesa), os contratos futuros de petróleo em yuan e a posse de trilhões de dólares em forma de títulos americanos por parte dos chineses poderia de fato colocar o Império abaixo. Esse é o conjunto de argumentações que alguns jogam, mas não é tão simples assim. Há décadas e décadas, devido às crises sistêmicas e crônicas na economia dos EUA, sempre há a eterna teoria de que o império norte-americano está fadado ao fracasso ou que sua iminente queda geral está próxima. Isso não é uma ideia nova, pois vem de décadas e décadas… A crise de 1929, Segunda Guerra, Bretton Woods, Vietnã, Choque Nixon, Crise dos depósitos nos anos 80, etc. Os teóricos utilizam diversos tipos de acontecimentos para declarar essas coisas. Esse tipo de teoria sempre existe, assim como as teorias do colapso da União Soviética e da economia dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia e do Comecon. No entanto essa ideia de fato se concretizou, só que muitos e muitos anos depois. Leon Trotsky escreveu sobre isso no seu livro A Revolução Traída de 1937, no entanto o acontecimento só veio a se concretizar em 1991. Houve aí um ‘delay’ de pelo menos sessenta e poucos anos. Nouriel Roubini, Kenneth Rogoff e Robert Shiller falaram sobre uma iminente crise financeira e econômica dos EUA desde a ressaca da bolha da internet 2001. No entanto o acontecimento se concretizou apenas em 2008. Michael Roberts, economista marxista adepto da LQTTL (Lei da queda tendencial da taxa de lucro), sempre alertou para crises sistêmicas antes da ocorrência das mesmas, até porque isso é a gênese da LQTTL. Aliás, a história da economia dos EUA mostra que ela sempre foi marcada por ciclos econômicos. Os dois mais graves foram 1929 e 2008, mas houve outras diversas “mini-bolhas”. O sistema econômico, comercial e financeiro dos EUA, além do Estado, está acostumado a lidar com isso. Previsões vão e vem. No acerto, os profetas colhem os louros da vitória. No erro, o esquecimento é quase uma regra, pois ninguém vai atrás para cobrar. Isso também serve para as previsões mercadológicas e tecnológicas. Bill Gates falou que a internet não iria pra frente nos anos 90. Deu no que deu. Bill Gates falou que os spams dos emails teriam solução ainda no começo dos anos 2000, mas temos spams nas caixas de emails até hoje. O criador do Linux (Linus Torvalds) falou que o dispositivo tablet estava morto, mas temos tablets sendo vendidos até hoje. O ex-CEO da Microsoft Steve Ballmer, o CEO da época de ouro da empresa, falou que o Android era um projeto falido. Mas o Android e os fabricantes de dispositivos aderentes ao sistema operacional acabaram quebrando a Nokia e o Windows Mobile. Podemos aplicar isso para a geopolítica e os rumos da economia global. Eu tenho “apenas” trinta e dois anos e no estouro da crise econômica japonesa eu tinha cerca de cinco anos de idade. Não peguei o auge do Japão. Mas para quem tem na casa dos cinquenta anos dizem que nos anos 70 e até metade dos anos 80 muitos economistas, geógrafos e cientistas políticos achavam que o Japão iria engoliros EUA.
A siderurgia japonesa era muito mais eficiente que a norte-americana e tinha adquirido uma escala bem maior. O carro japonês era bem melhor que o norte-americano. Os eletrônicos e os games consumidos mundialmente eram japoneses. Os imóveis japoneses valiam muito mais que os imóveis norte-americanos. Fora isso, havia a eterna ideia dos déficits correntes acumulados dos EUA e do superávit de alguma nação segunda colocada (naquela época o Japão, hoje a China) serem o motivo pra derrocada. O engolimento não ocorreu. Ou pelo menos não na direção que muitos imaginavam. O movimento foi contrário, pois foram os EUA que engoliram o Japão após a recessão japonesa, que por sua vez acabou se tornando uma longa depressão crônica, muito bem demonstrada no livro “The Holy Grail of Macroeconomics, lessons from the japanese crisis” de Richard Koo, sugestão do economista Paulo Gala, uma grande influência que eu sigo nas redes sociais. Aliás, os EUA administraram melhor sua crise de 2008 do que os seus concorrentes administraram suas longas recessões (França em 81, Reino Unido no início dos anos 90, Japão nos anos 90, Alemanha nos anos 90 até2001, etc.).
A reaceleração e recuperação do PIB no caso norte-americano foi mais acentuada, além da escala ser muito maior do que seus concorrentes, ou seja, um crescimento percentual ínfimo em cima do PIB norte-americano significa um aumento brutal de bens e serviços. Aliás, como explica o professor Luiz Gonzaga Belluzzo sobre os EUA, o país vive constantemente e cresceu com ciclos econômicos. Estão mais do que acostumados e habilitados a lidar com o problema. A crise, aliás, é um elemento fundamental à grande empresa e centralização do capital no país. Hoje a China ocupa o espaço que pertenceu ao Japão nas décadas de 70 e 80. Com um crescimento assustador do PIB nos anos 90 e 2000, além de já ser o maior PIB do mundo em paridade poder de compra, porém ainda segundo colocada mundial em PIB nominal (medido em dólar), há previsões de que a China colocará os EUA abaixo e o yuan será a moeda dominante de conversibilidade no mundo, substituindo assim o padrão-dólar (ou “dólar flexível”, conceito de alguns professores da UFRJ), esse vigente desde a ocorrência do que eu chamo de Choque-Nixon (Smithsonian Agreement). A PRIMEIRA QUESTÃO: sempre é recorrente falarem dos déficits em conta corrente acumulados pelos EUA, leia-se, compram mais do que vendem em transações com o resto do mundo. Para países em desenvolvimento e periféricos isso não é sustentável, mas para os EUA é, pois eles tem o poder de emissão da moeda fiat global. Devido ao brutal volume de transações com o resto do mundo em termos nominais, uma breve desvalorização em termos percentuais do dólar praticamente liquida o passivo externo do país. Nos países em desenvolvimento, não. Ocorre o contrário, eles aumentam o passivo externo líquido quando suas moedas nacionais desvalorizam, uma vez que a maioria desses países apresenta o que chamam de vulnerabilidade externa (endividamento em dólar) . É o caso do Brasil por exemplo, onde também aumentam os custos de carregamento de reservas em dólares do Banco Central. Há uma discussão sobre a “desdolarização” do passivo do Brasil durante o governo Lula, uma vez que a dívida foi trocada de externa para interna em grande parte no período, além da desindexação de vários títulos ao câmbio, mas isso é assunto e discussão para outro post. Lembrem-se: a paridade é sempre o dólar. As outras moedas não desvalorizaram ou valorizam de acordo com si mesmas, mas em paridade ao dólar. Ou seja, quando elas desvalorizam, na verdade é o dólar que se valoriza. E vice-versa. A SEGUNDA LEMBRANÇA: uma vez que o dólar se desvaloriza, as outras moedas valorizam. Essa valorização das moedas concorrentes tira competitividade industrial dos principais concorrentes comerciais dos EUA. No caso dos anos 70 e 80, o Japão. Nos anos 90 e 2000, a União Europeia e o seu Euro (criado para competir com o dólar). Hoje, aChina.
Os rivais começam a ser menos competitivos na exportação de manufaturados e reduzem o déficit em conta corrente dos EUA, logo, além do passivo externo líquido caindo, como falei acima, isso retoma o poder industrial norte-americano e sua competitividade sistêmica. Fora isso a valorização das moedas concorrentes abrem espaço para os bancos centrais dos seus países reduzirem a taxa de juros interna, o que ocasiona em uma grande bolha especulativa de ativos e posteriormente uma “correção” (para não dizer recessão) do preço das mesmas. Esse vai e vem no preço de ativos usualmente causa uma recessão no PIB, como foi o caso do Japão. E no momento dessas crises econômico-financeiras dos periféricos, onde os capitais procuram se abrigar? No dólar, pois é a reserva mundial do valor, a unidade global de conversibilidade de negócios e de transações, logo, o ativo mais líquido e seguro para se resguardar. Daí também pode se pegar emprestado o conceito de “armadilha da liquidez” de Keynes, onde em momentos de incerteza sobre o consumo e o retorno de ativos é muito melhor se resguardar na liquidez do sistema, esperando o melhor momento de efetuar transações. Isso ocasiona, obviamente, na mesmice do dólar como padrão global e dono do sistema capitalista mundial. TERCEIRO: e se o dólar se valoriza? Os EUA tem espaço para reduzir suas taxas de juros e o débito fiscal do governo cai, uma vez que a queda dos juros ameniza os fluxos de pagamento da dívida. Além disso, a inflação do país também cai, ao invés da sugestão neoclássica e monetarista da mesma ter causalidade linear com o quantitative easing e o aumento da velocidade de circulação monetária (duas supostas causalidades da queda de juros). Por que a inflação cai? Com o dólar valorizado, todos os ativos mundiais, incluindo as commodities, caem de preço. Se o preço cai, isso beneficia o maior consumidor de commodities. E quem é o maior consumidor de commodities? Adivinha… Fora isso, com o dólar valorizado e os ativos globais em declínio de preços, abre-se espaço para o imperialismo comercial dos EUA, uma vez que os empresários e maiores detentores de dólares saem comprando todas as concorrentes e empresas promissoras de países em processo de desenvolvimento. Isso envolve também a sucção de cérebros, o “learning by doing”, acúmulo de inovação criada fora do seu território, absorção de terra, absorção de reservas de recursos naturais, apropriação de tecnologia estrangeira, etc… Além de também o poderio de todo complexo industrial norte-americano modernizar suas linhas de produção com o maquinário mais moderno e de tecnologia de ponta produzido no mundo. Evidente, pois tem a posse da moeda mais forte, logo, pode modernizar toda sua linha de produção e seu chão de fábrica com o desenvolvimento tecnológico alheio. Por que você acha que a agricultura norte-americana é a mais produtiva do mundo em termos per capita? Pense no dólar e em todo seu poder de aquisição de novas tecnologias. Isso é tudo questão de escala e competitividade! Claro, Japão fez isso no passado, os países centrais da União Europeia fizeram e ainda fazem e agora. De uma década pra cá, a China também. E essa pretende ampliar cada vez mais com o passar do tempo, com sua proposta de nova Rota da Seda (The Belt and Road Initiative) e de uma alternativa ao Banco Mundial, no caso o AIIB (Asian Infrastructure Investment Bank). Mas esses três lados concorrem entre si e acabam deixando os EUA sempre em uma posição de privilégio na manutenção de sua posição de hegemônico. Vale lembrar também que a possibilidade de baixa no juros do FED ocasionados pela valorização do dólar também inunda o mercado de ativos norte-americanos de liquidez, esses que estão em posse do sistema financeiro também norte-americano. Logo, os imóveis sobem de preço, as ações das empresas norte-americanas sobem de preço, os negócios acontecem em maior velocidade, a tecnologia é fomentada com uma inundação de crédito de risco (startups, aceleradoras, investidores-anjos, capital semente, etc.). E imagine, tudo isso com baixa inflação! Mas assim pode ser criada uma bolha de ativos? Pode. Mas uma vez estourada uma bolha de ativos, os investidores do mundo inteiro correm para se proteger com o… dólar ! Toda esse status de “ou ganha ou ganha” é apelidado de “PRIVILÉGIO EXORBITANTE” por autores como Barry Eichengreen e outros. Uma questão que se levanta muito é a detenção de títulos da dívida norte-americana por estrangeiros. Os sauditas, desde o acordo comercial de venda de petróleo para os EUA em 1974, adquirem títulos da dívida dos EUA. O Japão no auge do seu crescimento econômico também se tornou um grande credor dos EUA. A China desde a crise de 2008 pra cá também virou uma grande credora. O que isso pode afetar os EUA? Se todos os credores resolverem resgatar, o dólar desvaloriza, pois o mundo seria inundado de novos dólares em circulação monetária, além de reduzir substancialmente o preço dos títulos de curto prazo no mercado secundário. Como já expliquei a vocês, se o dólar desvaloriza, o passivo externo líquido dos EUA some e a competitividade comercial em relação à conta corrente – que é a soma da balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais de renda – começa a voar. Os países em desenvolvimento e os credores concorrentes do dólar (euro, iene e yuan) não podem lidar com isso, pois perdem competitividade comercial. Perceba atualmente os chiliques públicos de Donald Trump em relação ao câmbio artificialmente desvalorizado do yuan, ou seja, ele luta por um dólar mais desvalorizado! Além disso, sempre vai haver um investidor financeiro que enxerga a oportunidade dos títulos baratos no curto prazo, tanto para efeitos de maior rentabilidade como de se resguardar em ativos seguros, assim acaba desfazendo toda desvalorização da venda em massa e inundação do mercado financeiro de títulos da dívida norte-americana. No mercado financeiro não existem só correções pra baixo, mas também pra cima! É a famosa parábola dos ursos contra os touros. Logo, se todos os países credores querem se desfazer dos títulos norte-americanos, a soma dos capitalistas, que não possuem pátria e nacionalismo, adquirem pra si os títulos, forçando uma natural re-valorização tanto dos títulos como do próprio dólar. O conjunto de países subdesenvolvidos sem a mesma força do Japão e da China seriam os mais interessados em adquirir esses títulos, uma vez que a vulnerabilidade externa da economia dos mesmos seria reduzida substancialmente. ————————————————————————————————————————————– Algumas análises que a gente costuma ver rodando na internet também, quando contestam o poderio e a hegemonia norte-americana , diz respeito ao fim do dólar como padrão único de negócios com o petróleo, o fenômeno conhecido como “petrodólar”. O texto geralmente compartilhado é o de Jim Willie CB do tablóide Russia Insider (nada imparcial…). Também há um vídeo circulando na internet falando do “fim do dólar” e do yuan e até o Bitcoin* como substitutos dominantes. Essas análises também não fazem muito sentido e eu explico os porquês… PRIMEIRAMENTE: uma suposta nova ordem de negociação monetária com o petróleo faria a demanda por dólar e a sua consequente valorização despencarem. É tudo que a indústria norte-americana queria para repatriar suas empresas instaladas na periferia da produção mundial e a capacidade ociosa da indústria americana voltar a trabalhar buscando o pleno emprego. Mais uma vez eu repito, e pela terceira vez: o passivo externo líquido dos EUA some e o déficit em conta corrente também acaba. Os empregos industriais norte-americanos voltam, a competitividade de chão de fábrica volta, a agricultura super produtiva e com logística arrasadora começa a destruir a concorrência internacional, e por aí vai… SEGUNDO: na verdade os EUA nunca sofreu por falta de petróleo. A produção e reserva do país sempre foi enorme, mesmo antes dos avanços com a técnica de “fracking” para buscar o chamado Gás de Xisto. A política externa norte-americana na verdade sempre procurou controlar toda geopolítica do petróleo para proteger seus interesses políticos. Isso envolve também o econômico, mas não como a maioria das pessoas pensa (algo como uma necessidade técnica do óleo cru). No entanto a suposta “dependência” dos EUA pelo petróleo era muito maior antes dos anos 2000, quando foram criados acordos com sauditas e com países da OPEP após as duas crises do petróleo nos anos 70 e até metade dos anos 80. Por isso, nessa época era mais vantajoso proteger o dólar valorizado, para manter o petróleo em preços mais domesticados. Mas atualmente, após o avanço na técnica do “fracking”, a reserva norte-americana de óleo cru inflou de uma maneira absurda, mesmo com os problemas ambientais a respeito. O déficit em conta corrente advindos do petróleo de maneira orgânica (sem manipulação cambial) pode praticamente sumir, uma vez que o preço da commoditie suba para patamares cavalares (mais de US$ 120 o barril, por exemplo). Fora isso, as reservas da quebrada Venezuela e do quebrado Brasil subiram absurdamente nos últimos dez anos, com as novas descobertas (no caso do Brasil, o pré-sal). A VOLTA DO PADRÃO-OURO? E O BITCOIN* ? É uma ilusão inocente achar que o padrão-ouro está fadado a voltar. Alguns textos obscuros da internet, fora esse do Russia Insider, falam que a Rússia e a China aumentaram substancialmente suas reservas nos últimos anos para poder “lastrearem” suas moedas e mostrar mais solidez aos credores internacionais. É uma bobagem. O ouro não tem uma utilidade física tão relevante e não há motivos políticos para fazer com que ele volte a ser padrão universal. E mesmo se fosse, os EUA são os maiores detentores das reservas. Se contado suas reservas junto com as reservas do bloco geopolítico da OTAN, a quantidade de reservas do mineral superam e muito o bloco geopolítico de oposição (Rússia, China, Irã e unipolares afins). O lastro da economia hoje em dia é muito mais baseado na confiança mútua e na heurística de preços. Ou seja, a confiança nos EUA é devido ao seu imenso PIB e sua imensa capacidade industrial e comercial, como já explicaram outros professores (Conceição Tavares, Fiori, Ernani Teixeira, Franklin Serrano, Carlos Medeiros, etc.). As fugas para os dólares em ocasiões de “armadilha de liquidez” e de assegurar valor não é por acaso. Também influi o seu imenso complexo tecnológico e seu poder no tocante à informação. No caso a tecnologia da informação, big data, supercomputadores, comunicação militar e afins. Claro que não poderia deixar de mencionar que o seu poderio bélico também é um grande lastro de confiança dos outros países como fiel mantenedor do status quo. Aliás, o Iraque foi um dos primeiros países a aceitar negociar o petróleo em outra moeda que não o dólar (na época, o euro em 2000). O resultado após isso foi a Guerra do Iraque, tendo outros bodes expiatórios (o ataque de 11 de setembro de 2001). Mas hoje em dia não é mais necessário esse tipo de diplomacia para proteger as reservas de petróleo mundiais. Até porque, a China não pode ser combatida militarmente assim tão fácil. Não é o mesmo tamanho do Iraque. E a Rússia está dando seu recado lá na Síria, de que não vai mais aliviar tão facilmente para os EUA no Oriente Médio. No entanto tudo isso tem pouca importância face o aumento das reservas de petróleo mundiais e a ampliação do poderio tecnológico dos EUA. E O BITCOIN* ? Bom, eu coloquei esse * justamente porque queria dar um recado aos possíveis leitores do blog que prometo fazer um segundo post sobre as criptomoedas por aqui (pois já existe um), logo, vou pular essa questão para fazer um outro específico sobre o assunto. ——————————————————————————————————————————- Mas, apesar dos rumores obscuros e teorias furadas soltas na internet, há bons teóricos e estudiosos adepto da ideia de derrocada da hegemonia norte-americana. São eles: Giovanni Arrighi, Immanuel Wallerstein, Eric Hobsbawm, Charles Henry Fergunson, Richard Duncan, Barry Eichengreen, etc. Vou analisar bem resumidamente. ARRIGHI: pra mim o melhor teórico adepto do fim da hegemonia. A argumentação dele é “longo prazista” e diz respeito à queda dos EUA como “polícia do mundo”. Faz distinção entre hegemonia e dominação. Diz que pode haver dominação sem hegemonia. E também ressalta que a queda da hegemonia não significa o fim da mesma. Seu conceito de hegemonia é tirado de Antonio Gramsci, também italiano. Sua visão de longo prazo coloca a Guerra do Vietnã, vencida politicamente pelo Vietnã, além do desastre da Guerra do Iraque, como episódios característicos para fazer as nações desacreditarem nos EUA. Não no sentido econômico, mas político. Enfim, o conceito é muito interessante, mas é de longo prazo. Lembrem-se que o Império Romano antes de cair durou longos quatrocentos anos. Tampouco quero fazer comparações. O Reino Unido durou cerca de um século como nação dominante global, no entanto há teóricos que afirmam que o poder exercido pelo Reino Unido no século XIX ainda é muito abaixo do poder exercido pelos EUA hoje. WALLERSTEIN: a ideia de Wallerstein, ancorada no seu famoso conceito de sistema-mundo, também é de longo prazo e com arcabouço político, no entanto com fundamentos fracos (ao meu ver) e outros fundamentos já existentes há muito tempo (governos nacionalistas, tendência à pluri-polarização, formação de blocos regionais, governos autonomistas e por aí vai). Os fundamentos fracos consistem em supervalorizar a concorrência, subestimar a força de inovação das empresas norte-americanas (o livro dele de 2004 mostra um certo desdém, no entanto anos depois a gente viu a Apple em 2008 como empresa de maior valor de mercado do mundo e hoje vemos Tesla Motors, Amazon, SpaceX, etc.) e também desgarrar completamente o investimento no setor militar do setor produtivo de consumo. O caso da Apple e do seu celular Iphone foi bem emblemático no sentido de mostrar a simbiose entre as tecnologias militares e as de uso doméstico e pessoal. A própria origem do Vale do Silício e o fomento das empresas nascentes de tecnologia em toda aquela área da Califórnia se originaram das encomendas militares da Marinha e da Aeronáutica. Eu gosto de alguns conceitos e ideias de Wallerstein. Acho longe de ser um teórico social descartável. Mas sobre a queda dos EUA em si, não compactuo muito com suas teses contra-hegemônicas. Não do ponto de vista pessoal, pois eu seria favorável a esse acontecimento. Longe de mim compactuar com um Charles Kindleberger da vida. Mas do ponto de vista racional, não acho a tese tão forte. HOBSBAWM: grande historiador. Um clássico da área. Suas ideias acerca da queda dos EUA são parecidas com as de Wallerstein. Eu creio ser também uma visão mais pessoal do que racional. EICHENGREEN, FERGUNSON E DUNCAN: estudiosos de bolhas, das grandes corporações e do sistema financeiro norte-americano. Falam aquilo que todo mundo já sabe: os EUA vivem de bolhas e ciclos econômicos. Também convivem sistematicamente com crises financeiras e “crashs” de todos os tipos (sejam nas bolsas de valores ou nos imóveis e hipotecas). Eichengreen escreveu um livro sobre isso em 2011, ainda na rabeira e desdobramento da crise de 2008, intitulado “Privilégio Exorbitante”. A maior parte das ideias do livro não se concretizaram nos últimos anos. O final do livro dele é meio inconclusivo. Ele certa hora fala da importância dos déficits públicos, mas outra hora, já no final, diz que o crescimento do PIB é mais importante. Pra mim ficou meio sem sentido, uma vez que eu correlaciono déficit público com crescimento (Moderna Teoria Monetária). Tem entrevista recente dele (de 2018) falando que o dólar está frágil e continua sem subir mesmo com as medidas protecionistas do governo Trump para tentar conter o déficit em conta corrente. Também não faz muito sentido. Até porque Trump tem um objetivo diferente da análise de Eichengreen. Trump está querendo desvalorizar mais o dólar pra poder atrair investimento produtivo pros EUA, justamente o que eu tinha mencionado, melhorar a posição do investimento estrangeiro direto e eliminar o passivo externo líquido. A maioria das notícias mostra o presidente dos EUA dando chiliques quanto a um suposto dumping cambial do yuan remnibi. Além disso, o juros norte-americanos no momento estão em módicos 1,5%, mesmo após duas subidas (tendência de alta gradual nanormatização).
————————————————————————————————————————————– Lembrem-se: a maior parte dos dados e das informações contidas na internet, que é uma rede global e descentralizada de computadores, está concentrado nos EUA em imensos CPDs (centro de processamento de dados). Exceções são Coréia do Norte e Irã. Esse último ainda está em processo de término de sua imensa rede de intranet. China faz parte da internet, mas controla seus dados com mão de ferro. A Rússia idem, mas a Rússia tem uma enorme expertise em computação e um alto volume de hackers habilidosos. Os satélites e as telecomunicações também são concentrados pelos EUA. Sobre os satélites e as telecomunicações, vale a pena ler o artigo do site Voyager sobre isso. A maior potência militar também são os EUA. China e Rússia juntas tem mais força militar que os EUA, no entanto os EUA junto com Israel, árabes aliados (tipo Arábia Saudita) e os europeus da OTAN tem mais força que o bloco oriental de novo. A soma das reservas de ouro dos EUA e dos países da OTAN também são bem maiores que as reservas de Rússia, China, Irã e outros aliadosjuntos.
Petróleo: as reservas do Canadá, Arábia Saudita, Venezuela (sim, Venezuela…) e Brasil estão tudo praticamente nas mãos dos EUA. Fora a própria reserva interna, que é gigantesca com o Gás deXisto ou sem ele.
CONCLUSÃO: o Império pode até cair um dia, nada está descartado, mas não é tão simples assim. Garanto que após ler o texto o leitor vai ter noção suficiente de tudo isso. ———————————————————————————————————————————– FONTES E LEITURAS RECOMENDADAS: https://voyager1.net/tecnologia/governanca-global-e-hegemonia-dos-estados-unidos/ A Retomada da hegemonia americana – Maria Conceição Tavares http://www.rep.org.br/pdf/18-1.pdf Crise ou afirmação da hegemonia americana? Arrighi, Wallerstein, Fiori e Zakaria – Renan Holanda Montenegro http://periodicos.pucminas.br/index.php/estudosinternacionais/article/view/10750/10121 A hegemonia dos EUA – Manutenção ou declínio? – Luís HenriqueMenozzo
http://tcc.bu.ufsc.br/Economia293355 Pesquisar palestras, livros e artigos dos professores: José Luís Fiori, Franklin Serrano, Carlos Medeiros e Ernani Teixeira Torres,todos da UFRJ.
A GUERRA DA SÍRIA
16 _segunda-feira_ abr 2018Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO _EVACUAÇÃO NA CIDADE DE DAMASCO_ Não é muito comum fazer um post apenas de geopolítica no blog, mas dependendo da minha vontade, pode ocorrer. Decidi postar o meu texto sobre a brutal e triste guerra na Síria. Não colocarei fontes e links. Procurem no Google. Trata-se de uma síntese e um resumo de uma guerra altamente complexa… Não é fácil falar sobre esse assunto, pois são muitos atores. Vamos lá… 1 – O governo da Síria foi uma ditadura passada de pai para filho há décadas (Assad Pai e Assad Filho). O Clã Assad pertence a uma minoria étnica e religiosa no país, os alauítas. O partido deles é o Baath, parecido – para não dizer idêntico – ao partido do falecido Saddam Hussein no Iraque (também chamado Baath). No entanto Saddam era sunita e Assad não. Existe essa pequena diferença, mas os governos de ambos eram bem parecidos. 2 – A Síria não era tão fragmentada como o Iraque, mas tinha lá seus problemas também. Sempre teve. Tem refugiados palestinos que fugiram de Israel e dos territórios palestinos para ir morar lá, árabes sunitas (maioria) e xiitas, os alauítas (de Assad), os curdos, os drusos e os cristãos. Sim, tem bastante cristãos na Síria. Mais do que na Palestina e do que na maioria dos países árabes. Só tenho dúvida se tem mais que o Líbano. Os cristãos da Síria são árabes. Já os alauítas, drusos e curdos são outro povo/etnia. Os curdos são muçulmanos não radicais (sunitas mesmo). Os drusos tem a própria religião deles, uma visão particular do islamismo, que é mística e bem interessante. Alauíta tem a própria visão deles do islamismo também, mas dizem ser parecidos com os xiitas. Muita gente alega a proximidade de Assad com o Hezzbolah também devido a isso (ambos serem xiitas). Sunita e xiita são quase sempre árabes. São os que mais brigam entre si no Oriente Médio. Tem gente que pensa que o xiita é o muçulmano mais radical do Oriente Médio. Isso é falta de conhecimento histórico e geográfico. Já cansei de discutir isso pessoalmente e a maioria das pessoas não sabem. Os mais radicais são os sunitas. Mas a fama no Brasil ficou com os xiitas por causa da Guerra Irã-Iraque nos anos 80. Estado Islâmico e Al-Qaeda são sunitas. Se acharem que estou errado, coloquem no Google. No entanto nem todos os sunitas são radicais assim. Até porque os islãos menos radicais também são sunitas (tipo os curdos e palestinos). Mas os mais radicais do islamismo são sunitas (Estado Islâmico, Al-Qaeda, Arábia Saudita, Catar, etc.). E os xiitas, quem são? É o Irã, o Hezzbolah (Sul do Líbano) e a maior parte da população do Iraque. Pegaram fama de mais radicais no Brasil porque a TV Globo mostrava os fanáticos iranianos lutando na guerra contra o Iraque através dos famosos “ataques ondas”, que eram quase que ataques suicidas, tipo os kamikazes japoneses da II Guerra. Mas era um caso de exceção e não tinha muito a ver com religião, e sim com nacionalismo patrióticopelo Irã mesmo.
3 – O começo da guerra não teve nada a ver com religião e etnia. Em 2011 explodiu a chamada “Primavera Árabe”. A população de vários países árabes começaram a se rebelar contra seus governos corruptos e ruins. Lutavam contra desemprego, baixo crescimento econômico, serviços públicos ruins, autoritarismo político, corrupção, elitização das oportunidades, etc. Parecido com as manifestações de Junho de 2013 no Brasil e os protestos dos turcos também em 2013. No Brasil o estopim foi a passagem de ônibus de São Paulo. Na Turquia o estopim foi o anúncio da construção de um shopping center em cima de uma famosa praça pública de Istambul. Na Síria o estopim foram as manifestações intensas dos sírios contra o governo de Assad após o início da Primavera Árabe. A Primavera começou no Egito e na Líbia, meses antes da Síria. Basicamente isso. O símbolo do início das manifestações sírias foi um garoto pixando num muro algo do tipo: “O próximo a cair é você, Assad” ou “O próximo é você, doutor” (alusão à formação de médico deAssad Filho).
Essa foto é famosa e tem fácil aí no Google. 4 – No caso da Síria não era somente desemprego, privilégios da elite, governo corrupto, etc. Assad governava o país com mão de ferro. Eram comuns as torturas, prisões arbitrárias, perseguições políticas, etc. Era parecido com a ditadura militar do Brasil e da Argentina, só que numa escala muito maior (sim…). O número de mortes e desaparecidos políticos era bem maior que no Brasil da época do AI-5 e do que a Argentina nos tempos de Galtieri. Os sírios aguentaram esse regime por muito tempo, pois tinham medo. Mas com o impulso da Primavera Árabe, decidiram ir pras ruas para ver no quedava.
5 – O Exército Sírio era praticamente todo controlado pela elite econômica do país e por alauítas (o grupo étnico da família de Assad). Esse povo não gosta muito de manifestações contra o poder vigente. Lembra um certo país verde e amarelo… Apesar que, em termos de violência de reação, sejamos sinceros: o aparato de repressão de Assad é bem pior que todo aparato de repressão do Brasil. Por enquanto… 6 – E o que tem a ver a Rússia? É simples. Sempre foi aliada política de Assad e sempre forneceu armas para o governo sírio. Além das compras de armas, também tem interesse que a Síria nunca deixe passar por baixo do solo do país um oleoduto trazendo o petróleo do Catar para chegar na Turquia (membro da OTAN e parceira comercial da Europa). Esse petróleo do Catar vindo por dutos iria quebrar o gás russo vindo da estatal Gazprom para toda Europa, a principal fonte de divisas do país. A economia da Rússia é basicamente só isso hoje em dia. Mais a produção de armas e algumas ilhas de desenvolvimento tecnológico (como no setor aeroespacial e empresas de software famosas). Mas o principal da economia russa ainda é a exportação de gás. A Rússia então propôs à Síria ainda governada por Assad sem guerra civil um outro projeto alternativo. O gasoduto ligando o petróleo do Irã para chegar à Turquia através da rota deles. A construção e projeto-concepção desse oleoduto, além da operação e o suporte técnico, ficaria a cargo dos russos. A Síria só iria ganhar com o dinheiro gerado na construção e talvez remessas/royalties para deixar passar o oleoduto por baixo. Após esse entendimento e acordo de Assad com Putin, o pau começou acantar no país.
E também foi na mesma época da eclosão da Primavera Árabe. Apenas alguns meses depois de iniciados os protestos na Líbia e no Egito. Tudo isso levantou suspeitas que as manifestações foram todas orquestradas pelo Imperialismo dos EUA e da OTAN para impedir a influência russa dentro da Síria e canalizar o oleoduto do Catar para chegar na Turquia passando pelo solo sírio. Enfim, foram várias coisas coincidindo… 7 – Logo no começo das manifestações o pau cantou. Assad mandou os militares sentarem o dedo na população e mandou bombardear manifestantes (sim, isso mesmo…). Bombardeou inclusive os refugiados palestinos que moravam na Síria, fazendo com que o Hamas (grupo político e paramiliar de Gaza/Palestina) rompesse politicamente com Assad e com o Hezzbolah de imediato. Antes eram os três aliados. 8 – O que o Hezzbolah tem a ver com tudo isso? O Hezzbolah é um grupo político e paramilitar do Sul do Líbano, considerado “grupo terrorista” pelos países centrais (EUA, Reino Unido, Alemanha, etc…). São aliados políticos históricos de Assad por vários motivos. Assad fazia intermediação de armas com o Hezzbolah e recebia em troca o apoio político, além de treinamento tático e técnico para o Exército da Síria. Isso bem antes da guerra civil na Síria começar. O Hezzbolah sempre teve uma doutrina militar e um conhecimento operacional de guerra bem superior ao Exército regular da Síria, que sempre foi fraco e mal treinado. Assad foi o principal fornecedor de armas durante a guerra do Hezzbolah contra Israel em 2006, vencida pelo Hezzbolah. O Hezzbolah não podia e ainda não pode comprar armas russas direto com o governo russo, logo, Assad então fazia a intermediação (comprava dos russos e repassava ao Hezzbolah por de baixo dos panos, e Israel sempre soube disso também). Depois que estourou a guerra civil síria, o Hezzbolah entrou na Síria para defender o governo de Assad com o pretexto de “lutar contra o avanço do Estado Islâmico no país”. Isso era o discurso oficial, uma vez que o Hezzbolah é xiita e o Estado Islâmico é sunita e fundamentalista (principais assassinos dos xiitas no Iraque). Mas na verdade o Hezzbolah estava funcionando como uma empresa paga de mercenários para lutar a favor de Assad e precisava ser leal ao seu aliado da guerra de 2006 contra Israel. Simples e sucinto. 9 – E o Estado Islâmico? Bom, após o início da guerra civil do povo contra o governo na Síria, os dois se enfraqueceram, logicamente. O Estado Islâmico então se aproveitou da situação e entrou no país para tentar tirar uma casquinha. O objetivo é dominar territórios e ficar à parte do governo sírio, obviamente. Para quem não sabe, o EI é originário do país vizinho, o Iraque. E é um movimento ultra reacionário, fundamentalista sunita, de ex-partidários de Saddam Hussein no Iraque e antigos presos políticos do sistema carcerário dos americanos no país. Esse sim é um grupo terrorista assumido. 10 – Fora o Estado Islâmico, tem a famosa Al-Qaeda, fundada pelo falecido Osama Bin-Laden. Foi na mesma onda do EI e também quis tirar uma casquinha da Síria depois do enfraquecimento dos dois lados em guerra no país. Lá na Síria eles utilizam a alcunha de “Frente Al-Nusra” e recentemente o nome Hayat Tahrir al-Cham (algo como “Comitê de Libertação do Levante”). Al-Qaeda e Estado Islâmico, apesar de ambos fundamentalistas e sunitas, não são unidos e não tem laços de amizade. É cada um porsi.
Os dois tentam se aproveitar do fato dos sunitas serem a maioria na Síria. Assim, através de fornecimento de armas aos civis e política sociais (esses dois grupos sempre fizeram políticas sociais), tentam agrupar mais gente para suas seitas político-religiosas… (*Levante é toda aquela região litorânea e mediterrânea do Oriente Médio, para quem não sabe. Compreende Síria, Líbano, Palestina, Jordânia, Chipre e Israel) 11 – Ainda tem os curdos! A Síria sempre teve os curdos como minoria étnica. Curdo briga em todo país do Oriente Médio contra qualquer grupo que não sejam eles próprios. Os curdos não são árabes e são um grupo grande e homogêneo dentro do Oriente Médio. Apesar de serem muçulmanos (só que bem menos radicais), eles tem identidade própria e arrumam problemas em vários países. Eles querem o país deles e lutam por vários pedaços dentro de outros países. Entre eles, na Síria, tem a esquerda-radical revolucionária (PPK) e tem a direita curda pró-EUA e pró-Israel (YPG). Esse pessoal luta no Grande Curdistão Sírio (área dentro da Síria) contra o Estado Islâmico. Hoje, também luta contra o Exército turco. A Turquia de Erdogan trava uma briga com os curdos porque eles também querem um pedaço da Turquia. Acabou que Erdogan bombardeia eles dentro da Síria e manda tanques turcos atrás deles em territóriosírio também.
12 – Entre 2011 até meados de 2015 existiu o chamado EXÉRCITO LIVRE DA SÍRIA. Eram rebeldes que lutavam contra as forças leais a Assad (Exército Nacional, Hezzbolah e milícias em geral) de maneira organizada e com um comando central. O FREE SYRIAN ARMY (nome em inglês) era constituído por dissidentes do Exército Nacional (o de Assad) e por civis comuns recrutados ou voluntários que se prontificavam a lutar contra Assad e contra o Hezzbolah. Não era fundamentalista, não tinha aliança com o EI e com a Al-Qaeda, não desrespeitava mulheres e dizia ser favorável a um governo secular naSíria.
Algumas pessoas, defensoras do regime de Assad e do Hezzbolah, dizem que a FSA tinha ligações com os fundamentalistas do EI e da Al-Qaeda. Nunca foi provado. Outras fontes dizem que eram “cachorrinhos dos imperialistas”, por receberem armas dos EUA e serem uma parte treinados pela CIA. Nesse caso faz completo sentido. No entanto lutavam contra outro Imperialismo (o russo). Não que isso seja justificável, mas se fosse a vontade do povo sírio ter outro governo… Há a ideia no ar também, que mesmo sem ligação direta da FSA com o EI e com a Al-Qaeda, muitos fundamentalistas sunitas se juntavam com o FSA para se “camuflar”, escondendo suas verdadeiras pretensões religiosas e ideológicas lutando contra as forças de Assad. Esse tipo de coisa não dá para ser provado nunca, ainda mais através de notícias e boatos de internet. Mas o contrário também não dá para ser afirmado. O grupo FSA tinha várias divergências políticas entre seus membros, rompeu-se e acabou. O principal líder e fundador do grupo fugiu da Síria e conseguiu abrigo em algum outro país até então desconhecido. Sofreu um atentado a bomba e conseguiu sobreviver, mas perdeu uma perna. No caso, trata-se de Riad al-Asaad. Hoje o grupo parece ter renascido com apoio dos turcos para combater os curdos na área do Curdistão Sírio. Também devem funcionar como mercenários pagos pelos turcos. E voltaram a pedir apoio da CIA para lutar contra a influência dos iranianos dentro da Síria. No entanto, houve relatos em 2014 de que alguns remanescentes da FSA se juntaram aos curdos para lutar contra o Estado Islâmico. Também há relatos de ex-membros da FSA que literalmente viraram a cazaca para virarem milicianos de Assad. Enfim, o grupo era muito heterogêneo e se dispersou completamente. Segundo algumas notícias de grandes portais, a CIA parece não confiar plenamente em membros ou ex-membros do Exército Livre. Receiam a influência de jihadistas ou mudanças de rumos (“viracazaca”).
13 – Não é só o Hezzbolah que serve como milícia e tropa mercenária a serviço de Assad. Ele conta também com serviços mercenários da Guarda Revolucionária do Irã, uma espécie de Hezzbolah do Irã, mas apoiado pelo governo, fortíssimo e cheio de dinheiro. Tem Marinha própria e ganha dinheiro com tráfico de drogas. O governo do Irã faz vista grossa pelo tráfico de drogas deles e a Guarda foi responsável direta pela Revolução de 1979, ou seja, tem um papel histórico no país. Os soldados que vão para o front pela Guarda Revolucionária do Irã normalmente são afegãos pobres. Somente os técnicos, conselheiros militares e oficiais são iranianos. Eles usam esses afegãos como “bucha de canhão” (famosa expressão no meio militar para designar “linha de frente”) para testar novas técnicas e táticas de guerra militar convencional e guerra civil urbana. Vale lembrar que os iranianos são também os principais mentores técnicos e táticos do Hezzbolah. Foi assim inclusive no sucesso da guerra terrestre contra Israel em 2006. 14 – Há milícias e mercenários de todas as partes a serviço de Assad. Inclusive palestinos ultra reacionários, como o Comando Geral da FPLP (Frente Popular de Libertação da Palestina). A FPLP original tinha – e ainda tem – caráter revolucionário, marxista-leninista e anti-imperialista. Mas esse GC, o tal “Comando Geral”, é uma dissidência da FPLP dos anos 60. Uma dissidência de sujeitos altamente reacionários, mesquinhos e corruptos. São mercenários oportunistas. Ganharam dinheiro para defender Assad além de suporte técnico militar de oficiais russos. Hoje em dia são base de apoio do partido altamente corrupto e vendido Fatah, da Autoridade Palestina na Cisjordânia (West Bank). 15 – Assad soltou presos comuns do sistema carcerário nacional para servir na guerra a favor do seu governo. Os presos políticos ele manteve, pois iriam naturalmente servir aos lados contrários na guerra (jihadistas ou exército livre). 16 – Ultimamente tem empresa privada de serviços militares da Rússia sendo vistas em território sírio. Os EUA já utilizavam esse modelo há algum tempo (empresas privadas de mercenários atuando em guerras). Agora a Rússia também. 17 – O Estado Islâmico nunca foi uma força tão relevante na guerra civil da Síria, ao contrário do que falam. O principal combate sempre se deu entre o povo sírio e as milícias de Assad. A mídia pró-Rússia e a esquerda mundial pró-Assad divulga como se toda oposição a Assad fosse automaticamente simpáticas ao Estado Islâmico e de tendência a jihadistas. Não é verdade. As milícias de Assad combatem mais o povo aleatório e armado. É basicamente isso. Esse povo disperso e aleatório não compõe mais o EXÉRCITO LIVRE DA SÍRIA (FSA), mas funciona como se fosse. Só que sem organização e sem comando. Hoje a terra arrasada da FSA parece que foi substituída pela SDF (Syrian Democratic Forces), comandada pelo coronel dissidente do antigo Exército da Síria, Hussam Awak. A SDF vem sendo acusada de ter militares que lutaram junto com o Estado Islâmico no desenvolver da guerra. Mesma coisa da antiga FSA. No entanto em vários fronts a SDF luta contra o EI. A direita curda (YPG) atualmente parece ter comando sobre a SDF… Enfim, são vários boatos e análises diferentes. 18 – Me parece claro que cada lado político joga a responsabilidade do EI pro outro. Os grupos de Assad dizem que as forças democráticas lutam do lado do EI. No entanto a antiga FSA e a atual SDF dizem que na verdade é Assad e o Hezzbolah que lutam coordenados e juntos com o EI contra o povo da Síria. 19 – Aí vem todo o problema das análises políticas atuais, principalmente dentro da esquerda mundial e brasileira. _LADO A_ – A maior parte da esquerda defende o governo de Assad, pois diz que a guerra foi um produto de uma agressão imperialista orquestrada pelas grandes potências da OTAN, sobretudo EUA, visando quebrar a economia e a influência geopolítica da Rússia. _LADO B_ – A esquerda morenista (quarta internacional, LIT-QI, representados no Brasil pelo PSTU), a qual eu me identifico, defende que o povo sírio se rebelou contra o governo nefasto, ditatorial e ultra reacionário de Assad. Um lado tenta difamar o outro. O pessoal do lado A diz que o morenismo apoia o Imperialismo norte-americano e que apoia os fundamentalistas do Estado Islâmico. Essa também é a visão do trotskismo ultra infantil lambertista (de Pierre Lambert) do PCO. Os morenistas acusam o resto da esquerda de apoiar um governo ultra reacionário, retrógrado, bonapartista, etc. O que de fato acaba sendo verdade. A maior parte da esquerda, incluindo setores esquerdistas do PT mais os partidos PCB, PCO, PCdoB e grande parte do PSOL, utilizam os exemplos da Líbia (país em completo caos social após a queda de Khadafi), Egito (atualmente com governo reacionário pró-Israel e pró-EUA), Iraque (país destroçado após a queda de Saddam) e do Afeganistão na época da guerra contra a União Soviética (onde os radicais islâmicos treinados pela CIA assumiram o país, instalaram o regime Talebã e pioraram brutalmente) para justificar o status quo do governo de Assad na Síria. Algo como: ruim com ele, pior sem ele. E na minha opinião não se pode realmente descartar completamente essaanálise.
Falam que a esquerda da quarta internacional enxerga potencial revolucionário em qualquer manifestação de caráter golpista do Imperialismo. Essa opinião eu discordo, pois assim tira-se a legitimidade dos povos em qualquer insurgência contra governos ditatoriais e bonapartistas, o que de fato é um movimento de evolução política. Aí começam discussões do tipo cego discutindo com surdo. Um não enxerga e o outro não ouve. Cada um diz uma coisa diferente. No entanto, independente do achismo sobre o futuro da política da Síria, me parece muita infantilidade afirmar que todas as manifestações de 2011, a brutal repressão contra elas e o descontentamento do povo sírio foram meras manipulações do Imperialismo. Não é bem assim. O povo estava nitidamente cansado com a ditadura nefasta de Assad. A direita reacionária do Brasil – e creio que do mundo inteiro – não está nem aí pra Síria e pro povo sírio. Apenas não querem receber eles como imigrantes, por completo racismo e xenofobia. Mas a maioria fala mal de Assad e apoia ações com mísseis vindos dos EUA e da OTAN. É uma opinião bem rasa e superficial. A maioria não sabe bulhufas sobre o conlito e nem tem curiosidade dese aprofundar.
20 – Ainda tem mais coisa em todo esse enrolado da Guerra da Síria:Israel.
O Irã e o Hezzbolah são os maiores inimigos militares de Israel hoje. E ambos lutam no front sírio a favor de Assad. Israel então ataca sistematicamente o Hezzbolah e parte das milícias iranianas no território sírio. Já houve um confronto entre as duas partes com um caça F-16 israelense abatido por um sistema antiaéreo russo e um ataque aéreo israelense a um suposto depósito de munições dos iranianos dentro da Síria. Israel alega que o Irã e a Guarda Revolucionária querem formar uma nova milícia e um novo grupo paramilitar ao estilo do Hezzbolah na área das Colinas do Golã, pretendendo retomar essa área de Israel edevolver à Síria.
As Colinas do Golã historicamente eram da Síria, mas desde o fim da Guerra dos Seis Dias nos anos 60 pertencem a Israel. Moram vários drusos por lá, que hoje se reconhecem como cidadãos israelenses. Domingo passado Israel atacou posições iranianas e parece ter conseguido abater alguns membros da Guarda Revolucionária. O líder do Hezzbolah já declarou que isso era praticamente uma declaração de guerra ao Irã e um erro histórico. Há algum tempo se tem uma ideia que pode surgir a qualquer momento uma guerra entre Israel e Irã ou entre Israel e o Hezzbolah. Uma guerra que muito provavelmente seria violentíssima, tendo como estopim as hostilidades dentro do território da Síria. Antes da guerra na Síria o governo de Assad, teoricamente, era hostil à Israel. Até mesmo por ser um aliado histórico do Hezzbolah. Mas nunca incomodou Israel de fato. Há uma análise que a guerra teria começado inflada pelo Imperialismo também para proteger Israel de um país vizinho hostil. Mudando o regime, teriam um país aliado, a exemplo do que hoje é a Jordânia. 21 – Os últimos episódios da guerra no país envolveram ataques químicos supostamente promovidos pelo lado de Assad e bombardeamentos da OTAN em resposta a estes. Esse final de semana houve a segunda resposta da OTAN a um suposto e misterioso ataque químico, que até agora não há provas suficientes da suaexistência.
22 – Há uma analise geral e quase consenso de que a guerra está praticamente vencida pelo front de Assad com apoio do Hezzbolah, Guarda Revolucionária do Irã, Rússia e milicianos pró-Assad em geral. Pelo menos nas principais cidades do país (Damasco, Aleppo e Homs). No entanto ainda há constantes contraofensivas e rebeliões em todas elas e no resto do país. 23 – Além das contraofensivas e rebeliões, ainda há várias regiões do país não controladas pelo governo de Assad. São regiões com governos alternativos e autônomos. Uma típica situação em contextos de guerra, como a França da II Guerra Mundial tinha um pedaço autônomo com governo próprio não correspondente ao governo de Petain na França de Vichy (aliado de Hitler). CONCLUSÃO: enfim, é isso. O post é meramente sobre política e não detalha a análise técnica de guerra e polemologia. Não há espaço suficiente para análises detalhadas de cada batalha em si. Muita gente pode achar que eu estou sendo parcial, mas não existe análise completamente isenta de parcialidade. Procurei ser o mais imparcial possível em alguns momentos. No entanto não dá para ser superficial e infantil em alguns momentos, analisando de uma maneira estúpida, falando como se toda oposição a Assad dentro da Síria fosse único e exclusivamente formada de jihadistas bárbaros que maltratam mulheres e comem criancinhas. Mas também não dá para negar que o Imperialismo da OTAN queria destituir um governo de inclinação oriental (Rússia, China e Irã) e colocar um governo capacho do Imperialismo na Síria, para além de viabilizar o oleoduto do Catar e quebrar a Gazprom da Rússia, também criar outro aliado militar de Israel na região do Levante e isolar completamente o Irã e o Hezzbolah. Óbvio. Não escondo e nunca escondi a minha posição política (em geopolítica completamente de acordo com a esquerda morenista da quarta internacional / LIT QI). Fiquem à vontade para discordar e dar chiliques. Aceitarei todos os comentários sem xingamentos… Na verdade nunca recebi xingamentos e nunca reprimi comentários desde o início do blog. De qualquer forma, muito cuidado e atenção com o fake news deinternet.
EDUCAÇÃO E ECONOMIA – ALGUNS FATOS POR TRÁS DO MITO 09 _terça-feira_ jan 2018Posted by diogomnz
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Investimento em educação ou alocação de recursos em capital humano gera desenvolvimento ? Ou induz o crescimento econômico de formalinear? Nem sempre.
É um tema polêmico que há muito tempo eu espero colocar no blog e assim espero esclarecer alguns pontos do meu pensamento. É um assunto onde a direita e a esquerda política ora concordam e ora divergem. É interessante notar como há falta de homogeneidade no assunto. Os motivos são diferentes, mas o resultado do pensamento acerca da educação gerar ou induzir crescimento e/ou desenvolvimento são parecidos, em termos de correntes de pensamento político (socialismo, liberalismo, capitalismo, etc.). Mas por quê direita e esquerda política ora concordam e ora discordam do assunto? Normalmente a direita “liberalista”, leia-se, liberais clássicos, costumam correlacionar o tempo de estudo com a renda, de acordo com um estudo da OCDE. Fora isso costumam correlacionar também o nível de capacitação, a educação e a produtividade, sendo essa última fundamental – na opinião deles – para o crescimento prolongado e o consequente desenvolvimento. No blog vinculado à UOL “Por quê? Economês em bom português” vocês observam bem explicitado em alguns posts esse pensamento. Também é um raciocínio compactuado por gente do mainstream, como: Ricardo Amorim, Ricardo Paes de Barros, Mansueto Almeida Jr, Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, Claudio de Moura Castro e afins. Além do economista pernambucano Alexandre Rands, que lançou um livro tentando provar que o desnível do PIB per capita – e da Renda per capita – entre a região Nordeste e as regiões Sul e Sudeste, além do desnível do Nordeste nos mesmos indicadores em relação ao próprio Brasil, se dava por grau médio de escolarização das populações referidas, hipótese que eu acho bem equivocada, para dizer o mínimo. Ele muito influenciado por artigos de Daron Acemoglu, George Psacharoupolos e um artigo dos brasileiros Hélio Zylberstajn e Afonso Celso Pastore. Fontes do próprio livro dele, além de várias menções a economistas famosos da escola novo institucionalista e novo clássica (Robert Lucas Junior, por exemplo). Mas há uma parte da direita que não concorda tanto com esse pensamento, que no caso são os libertários (ancaps e minarquistas). Alguns deles costumam criticar a cultura “bacharelesca” do Brasil e costumam falar que o número de profissões ou de competências para trabalho é brutalmente maior que o número de cursos superiores registrados pelo MEC. O que é verdade, diga-se de passagem. O problema é a conclusão que eles tiram disso e a prévia intenção, que é vangloriar a figura do “empreendedor bronco”. Chega a ser pitoresco, mas funciona assim. O caso da esquerda brasileira é diferente. Grande parte da nossa esquerda atual tem origem nos centros acadêmicos e no Movimento Estudantil. Todo esse pessoal tem uma mentalidade bastante academicista e viveu parte da vida no ambiente universitário, justo na idade onde se constrói a personalidade, sobretudo política. A defesa da universidade pública e a bandeira da educação portanto é um dos pilares desse estrato sócio político. Devido a isso muitas vezes parte da nossa esquerda brasileira defendia a bandeira dos tais “10% do PIB em educação”. Dito isso, primeiramente precisamos diferenciar crescimento dedesenvolvimento.
O crescimento da economia diz respeito ao crescimento do PIB (descontado a inflação, obviamente) e do PIB per capita. Talvez possa ser considerado também o crescimento da renda per capita, que apesar de ser uma identidade em relação ao PIB per capita no ponto de vista da contabilidade social, tem algumas diferenças de um pro outro. Aqui vou levar em conta apenas crescimento do PIB e crescimentodo PIB per capita.
Desenvolvimento é um conceito vago. Há vários tipos de desenvolvimento, mas no hábito do “economês” geralmente diz respeito ao IDH. Atualmente as Nações Unidas remodelaram a fórmula de cálculo do IDH, adicionando a desigualdade aos três itens avaliados (PIB per capita, tempo de estudo e longevidade) para comporo índice.
É bom alertar: todos esses indicadores tem erros, omissões e externalidades. Mas nesse texto não dá pra discutir acerca disso com profundidade. Levarei em conta todos eles. Já diferenciados, partiremos para o que interessa de maneiraobjetiva.
Analfabetismo, educação básica e PIB – mentiram pra vocês Dizem alguns liberais e economistas do mainstream que o aumento da educação básica (alfabetização e ensino fundamental) gera mais produtividade do que a educação do ensino médio, e por sua vez bem mais que o ensino superior (sendo essa inferior à produtividade do aumento do ensino médio), funcionando como uma forma de escala de grau de aumento de produtividade. Supondo que a produtividade é a chave do crescimento econômico no longo prazo, como diz o economista Paul Krugman, e é algo não polêmico da parte dele, sendo uma ideia compactuada por todas as vertentes do mainstream mais o pessoal da Escola Austríaca (que é um ramo da heterodoxia), logo, deveríamos então supor que a cura do analfabetismo seria fundamental para o crescimento no médio e longo prazo, visto que essa afetaria diretamente a produtividade do trabalhador. Óbvio. E quem está curando o analfabetismo, mesmo que de forma acelerada, está atrás de quem já tem zero de analfabetismo. Também óbvio. Mas aí lembramos do caso de Cuba, que tem zero analfabetismo e a economia definha desde a segunda metade dos anos 80… Mas aí falam de embargo, socialismo falho, estatismo, blablabla. Já mudam o assunto. O fato é que Cuba tem uma taxa de escolaridade altíssima em todos os níveis, mas a economia não funciona há décadas, depois dos altos crescimentos nos anos 60 e 70. Mas Cuba é uma exceção? Não. Então vamos citar mais exemplos parecidos: Argentina, Venezuela, Filipinas, Albânia, Azerbaijão, Bósnia & Herzegovina, Geórgia, Grécia, Maldivas, Tajiquistão, Coréia do Norte, Quirguistão, etc. Todos esses países tem índices de alfabetização da população altíssimos, mas o crescimento econômico de todos não convence nas últimas décadas. Ora, pela lógica deveriam estar com alta produtividade do trabalho e consequentemente com alto crescimento econômico. Mas não é arealidade.
_——- PS: PEQUENO ADENDO QUE EU POSSO ESTAR ERRADO EM RELAÇÃO A ALGUMA TAXA DE CRESCIMENTO DESSES PAÍSES. SE FOR O CASO, PERDOEM O ERRO E PODEM CORRIGIR NOS COMENTÁRIOS. COMO EU SEMPRE DIGO, EU ACEITO TODOS OS COMENTÁRIOS DO BLOG, MESMO OS TROLLS, HATERS, CRÍTICOS SÁBIOS E AFINS ——-_ A Bósnia por exemplo ainda herda a boa educação do período socialista da antiga Iugoslávia do Marechal Tito, mas desde a desintegração do país e a terrível guerra civil do começo dos anos 90, a economia do país está desindustrializada e estagnada. E sem muita expectativa de algum “take-off” no curto e médio prazo,infelizmente.
Fora que nesse raciocínio simplista países com forte educação em todos os níveis como EUA e Islândia nunca entrariam em crise, mas ambos entraram em crises em 2008. Em 2011 entraram Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, também todos países com alto grau de educação em todos os níveis. A Grécia é um caso bem ilustrativo nesse sentido, pois continua definhando atualmente, convivendo com uma crise social, fiscal e econômica sem precedentes e até então sem cura. Até o fascismo voltou por lá. E a população é muito educada em todos os níveis. Exemplos de economias de forte crescimento nos últimos trinta ou vinte anos e com alto analfabetismo ou baixa taxa de educação? Indonésia, Malásia, Paraguai, Vietnã, Guatemala, El Salvador, Angola, Bolívia, etc. Não se tornaram países desenvolvidos ainda, mas tem forte crescimento do PIB no passado recente (pelo menos nos últimos dez anos). Se vai haver sustentabilidade disso é outra história. Mas pela lógica linear da taxa de educação, não deveriam crescer mais que Cuba, por exemplo. E nem do que a atualfalida Venezuela.
Toda essa minha visão veio de leituras de Ha Joon Chang, que apenas comprovaram algo que eu presenciava na prática do mercado de trabalho no auge da economia brasileira e no auge do desenvolvimentismo do complexo industrial e portuário de Suape em Pernambuco. Época em que nossa ex-presidente Dilma vinha a Pernambuco e dizia que o estado era a “Onça do Nordeste” (referência parecida com os “tigres” dos “tigres asiáticos), devido ao forte crescimento do estado na segunda metade dos anos 2000 e à atração de novas indústrias, além de investimentos em infra-estrutura (muitos deles não conclusos). Os jornais da época viviam noticiando a demanda por mão de obra qualificada, mas a prática era muito diferente das notícias. Sobravam jovens bem formados e educados sem conseguir colocação no mercado. Muitos trabalhadores vinham de outras regiões do Brasil e às vezes até estrangeiros eram alocados. Agora vou dividir o texto elencando alguns mitos. – OS PRINCIPAIS ERROS DE ANÁLISES EM RELAÇÃO A ALGUMAS PSEUDO VERDADES SOBRE A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO DE UMA REGIÃO, PAÍS EAFINS:
1 – Em relação a um estudo da OCDE correlacionando formação superior com renda, o principal erro é que análise se baseia em pessoas formadas já alocadas em cargos relativos às suas profissões. Exemplo: uma arquiteta formada que já trabalha como arquiteta. Vocês devem saber que várias profissões, como praticamente todas as engenharias, possuem fortes conselhos de classe com piso mínimo estipulado de salário. Então, logicamente, se você pesquisar engenheiros trabalhando em empresas como engenheiros de fato, de acordo com o piso mínimo estipulado pelos conselhos de classe, eles vão ganhar o salário estipulado. Obviamente, comparar um formando em engenharia trabalhando como engenheiro, ele vai ter uma renda muito maior do que um trabalhador alocado em qualquer função ou cargo exigido apenas o nível médio. Onde está o erro? Não são todos os formandos que se alocam nas vagas que os próprios tem interesse. Partir para o próximo item. 2 – O Brasil tem 13% da população com formação superior (Semesp e Inep). No entanto, apenas 6% da população brasileira ganha uma renda mensal de R$ 4000 ou mais (IBGE). Lembre-se que o DIEESE calcula em torno de R$ 3700 a 4000 uma renda básica para todo brasileiro ter apenas o básico. Parece muito? Mas é só o básico. Acredite: com essa renda uma pessoa física mal consegue financiar um apartamento da faixa II do Minha Casa, Minha Vida. Portanto para curso superior deveria ser uma renda até abaixo da média, mas não é, caso você compare as duas proporções (taxa de graduados e renda básica calculada do DIEESE). Alguma coisa não bate com a realidade, concorda? É simples de entender. Nem todas as pessoas que concluem a graduação no ensino superior conseguem ser alocadas em funções para nível superior. Quer outro indicador disso? Observe a concorrência nos concursos públicos para vagas de ensino superior. Observe também a concorrência para vagas no setor privado, geralmente em grandes multinacionais, em processos para entrada de _trainees. _Normalmente a concorrência ultrapassa por muito as cem pessoas por vaga. A correlação da OCDE é falha e engana as pessoasleigas.
3 – O termo chave é MOBILIDADE SOCIAL. O Brasil não tem mobilidade social. Uma pessoa socialmente vulnerável, moradora de periferia, sem acesso a amizades na alta sociedade, apenas munida de curso superior, muito dificilmente dará um salto de renda ou conseguirá alocação ótima no mercado de trabalho. O motivo é simples: falta trabalho e sobra oferta de trabalhadores qualificados. O contrário do que a grande mídia informa pra você. É isso que causa outro termo chave, inclusive que eu já utilizei no meu blog antes e peguei emprestado de Ha Joon Chang, INFLAÇÃO DE GRAU. 4 – O que é a INFLAÇÃO DE GRAU? Uma maior oferta de pessoas com curso superior conclusos do que a verdadeira demanda por elas. O setor produtivo no geral não tem como alocar todas, seja por falta de dinamismo econômico ou mesmo por questões simplistas de corte de custos para fazer frente aos concorrentes. Você nunca ouviu falar de engenheiros lotados como técnicos em indústrias? É o que mais existe no caso do Brasil. O motivo é simples: as indústrias não podem pagar muitos engenheiros. Onera a folha de pagamento e, logicamente, os custos. Então por que os grandes industriais e empresários no geral sempre vão pra mídia falar que falta mão de obra qualificada? Primeiro pela busca por facilidade de reposição e segundo porque quanto maior a oferta menor tende a ser a remuneração. A inflação de grau é o aumento de requisitos e de titulações exigidos para trabalhadores do setor privado. Línguas estrangeiras, certificados pagos, experiência prévia requerida, experiências de intercâmbios, indicações de colegas da empresa (algumas multinacionais colocam isso como diferencial no próprio preenchimento de cadastro pela internet), limite de idade, mínimo de idade, etc. Até o ponto que fica quase impossível uma pessoa comum conseguir alocação. Assim cria-se toda uma geração de desalentados, frustrados e infelizes. Ao mesmo tempo que todo esse comportamento gera um mercado bilionário de ensino superior privado e ensino de línguas estrangeiras. A apreensão e a busca incessante pela qualificação é lucrativa. 5 – A mobilidade social no Brasil praticamente inexiste e a meritocracia é uma farsa. Jessé de Souza, sociólogo brasileiro, em seus recentes livros “A Tolice da Inteligência Brasileira” e “A Elite do Atraso” versou muito bem sobre o assunto, apesar das críticas ao trabalho dele por acharem excessivamente partidário (petista). Os conceitos de “Capital Cultural” e “Capital de relações sociais”, muito por influência de suas leituras do sociólogo francês Pierre Bourdieu (muito provavelmente na obra “O Senso Prático”), definem bem a realidade brasileira. Basicamente a formação fundamental, médio ou superior não garante automaticamente a alguém do Brasil um acréscimo linear de renda. Jamais. PODE acrescentar, mas nemsempre.
6 – O fator produtividade existe no senso prático da prática do trabalho, mas também não é linear. A questão da produtividade do trabalhador, já abordada aqui no meu blog em outros dois posts, também PODE OU NÃO ser afetada pelos diferentes níveis deeducação.
EXEMPLO POSITIVO: uma linha de produção tem um operário de máquinas com torno CNC e a máquina quebra. Se é necessário chamar um técnico externo para consertar a máquina e o mesmo dá um prazo de dois dias para chegar, a indústria perde produção e consequentemente vendas, caixa, oportunidade de lucros, etc. Caso o trabalhador saiba consertar a máquina por qualificação própria, a produção continua. Logo, a produtividade aumenta. Agora potencialize isso para o todo da economia. Isso serve para trabalhadores que aprendam a ler em cargos que seja necessário saber ler ou que saibam utilizar softwares sofisticados em vagas que necessitem dessahabilidade.
EXEMPLO NEGATIVO: o trabalhador conclui um curso de informática, e/ou de línguas e/ou graduação tecnológica, mas o faturamento da empresa que ele trabalha não se altera. Logo, sua produtividade não será aumentada por titulações, aumento do tempo de estudo ou educação. Esse é o caso do grosso dos casos no Brasil. O faturamento bruto e os movimentos da elite empresarial é o que definem a produtividade, além da própria dinâmica macroeconômica do país. Muito mais do que a ação – autônoma ou não – dostrabalhadores.
7 – Todo problema de análise nesse assunto, ou quase todos, decorre de uma crença em uma falsa premissa. A crença que o indivíduo qualificado gera sua própria alocação bem remunerada. Descredenciando assim as falhas de mercado no campo do mercado de trabalho. Algo que é abundante, diga-se de passagem. Os setores de RH, os processos de seleção obscurantistas e a falta de sofisticação econômica (conceito do economista Paulo Gala) do Brasil contribuem bastante pra essa imensa falha de mercado. 8 – A crença na falsa premissa que o trabalhador qualificado gera sua própria alocação ótima, numa nítida remodelação tosca do equilíbrio geral da microeconomia (que muitas vezes é dito de forma cínica que é apenas uma “aproximação da realidade”), desconsidera as seguintes externalidades: DESEMPREGO ESTRUTURAL, DESEMPREGO TECNOLÓGICO, FUGA DE CÉREBROS E SUB-ALOCAÇÃO DOTRABALHADOR.
O desemprego estrutural e o desemprego tecnológico são fenômenos já conhecidos na literatura básica de economia. A fuga de cérebros seria o fenômeno do trabalhador qualificado em área X migrar para outra área atrás de alocação ótima, estando desempregado previamente. Ou então quando muda de um trabalho local sub-alocado e sub-remunerado para uma área mais desenvolvida economicamente através de alocação ótima e remuneração adequada. Ou seja, é um fenômeno de imigração/emigração e transferência de capital humano. Diferente do capital físico, como uma estrada ou uma linha ferroviária, que não tem como transferir de um local X para Y, o capital humano migra. Coréia do Norte e Cuba usam a exportação de trabalhadores qualificados para conseguir transferências unilaterais de renda para os governos de seus países. É uma das principais fontes de renda de ambos. Mas são casos específicos e, além dos países continuarem definhando economicamente, as regras não são as mesmas para trabalhadores dos países mais liberais na questão de emigração. Essa exportação de trabalhadores qualificados ficou muito conhecida no Brasil com o programa “Mais Médicos” de Cuba. Mas a Coréia do Norte também tem programas do mesmo tipo. A sub-alocação é um termo inventado por mim agora, que diz respeito ao trabalhador qualificado estar sendo alocado em áreas de menor potencial intelectual do que ele é capaz. É o caso do engenheiro lotado como técnico no chão de fábrica ou de um cientista social trabalhando com o aplicativo de caronas UBER. Seria o sub-emprego, basicamente. Isso ocorre em todas as áreas no Brasil e de diversas maneiras. Não é só com UBER e outros mecanismos mais conhecidos. Há muitos publicitários formados trabalhando com atendimento de agências de publicidade, formados em administração de empresas trabalhando como vendedores comissionados, analistas de sistemas trabalhando como programadores júnior, bacharéis em direito no famigerado status de “estudando para concursos” (em longos períodos improdutivos para a economia), gerando assim um conceito mais importante que o desemprego do IBGE, que é a TAXA DE OCIOSIDADE DO CAPITAL HUMANO DISPONÍVEL PARA TRABALHO DO BRASIL. – O QUE AS PÉSSIMAS ANÁLISES E A OMISSÃO FUNDAMENTAL NÃO PASSA PARA O GRANDE PÚBLICO LEIGO DO BRASIL, O QUE ACABA POR DESVIAR MONTANTES DE DINHEIRO E POUPANÇAS PRÓPRIAS DAS FAMÍLIAS PARA OS GÁRGULAS DA EDUCAÇÃO PRIVADA O conceito chave para entender o problema é a CAUSALIDADE REVERSA. Não é A que causa B, mas B que causa A. Esse é um dos pontos abordados pelos best-sellers de economia norte-americanos, _Freakonomics_ e _Economia Clandestino_. Assim como o fenômeno deVARIÁVEL OMITIDA.
A questão fundamental é que NÃO É A FORMAÇÃO SUPERIOR E O TEMPO DE ESTUDO QUE CAUSAM A ALTA RENDA. A RELAÇÃO É INVERSA NO BRASIL. É A ALTA RENDA QUE PROPORCIONA O ALTO TEMPO DE ESTUDO E ABOA FORMAÇÃO.
Os filhos da elite, com tempo de sobra para os estudos e munidos de “capital de relações sociais” (Jessé Souza e Pierre Bourdieu), podem se dar o luxo de não trabalhar para se dedicarem a cursinhos, graduação na USP (por exemplo), mestrado (ganhando bolsas-pesquisas raquíticas, tipo 1200 reais e quando ganha), etc. Além de formação no estrangeiro, seja graduação (_undergraduate_ nos EUA), PhD, pós-doutorado, etc. Por essa razão há um descompasso entre as pessoas com alta renda no Brasil e a proporção de gente com ensino superior concluso (13% contra 6%), visto que nem todos os graduados possuem capital de relações sociais. Lembre-se também que os 6% de “alta renda” incluem várias pessoas que ganham “apenas” de R$ 4000 a R$ 10000, que se você for parar pra pensar nos custos de vida, passa longe de ser“rico”.
Se for colocar rico mesmo, com mais R$ 10 milhões em conta bancária disponível pra saque, não dá 1% direito. E dentro desses 1% há muitas pessoas com pouco tempo de estudo e completamente ignorantes em diversos assuntos. Ou você acha que o dono da Riachuelo conhece Fenomenologia do Espírito em Hegel? Muito difícil, para não dizerimpossível.
A segunda causalidade reversa, fundamental argumento e informação dos papers/artigos correlacionando aumento do capital humano e da taxa de educação com o crescimento econômico: NÃO FOI O AUMENTO DA TAXA DE EDUCAÇÃO QUE OCASIONOU O CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS PAÍSES (SOBRETUDO A SEMPRE CITADA CORÉIA DO SUL NESSE ASPECTO), FOI O ALTO CRESCIMENTO ECONÔMICO QUE GEROU ESSA MAIOR ABUNDÂNCIA DE INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO E CAPITAL HUMANO. O crescimento por vezes coincide com o aumento do capital humano. Mas um não é fator para o outro de maneira linear. E nem a educação. Os fatores de crescimento são variados. Industrialização, condições dos empréstimos internacionais, superação da especialização em produtos primários, a gestão político econômica, a taxa de poupança, o acúmulo de capital, os meios de financiamento tecnológico, a formação da burguesia industrial dos países, a sofisticação econômica, os acordos comerciais, ageopolítica, etc.
Para isso existem os diversos tipos de modelo de crescimento. Solow, Harrod-Domar, Kuznets, Rosenstein-Rodan, Hirschman, Leontief, Leonid Kantorovich, Rostow, etc. – A EDUCAÇÃO GERA DESENVOLVIMENTO VIA IDH?Sim. Ponto.
Caso de Cuba e tantos outros países. Sem economia robusta, mas comIDH alto.
É bom lembrar que o IDH da falida Venezuela continua mais alto que o do Brasil. Pode ter inflação fora do controle e falta de papel higiênico, mas o analfabetismo é praticamente zerado no país.NOTAS GERAIS
* Evidente que o acúmulo de conhecimento, o binômio ensinado-aprendizado, o “learning by doing”, a P&D (pesquisa e desenvolvimento), a pesquisa e extensão, a universidade, a escola e a formação de capital humano são importantes no curto, médio e longo prazo. O intuito do texto é desmistificar a correlação simplista e linear de educação/formação com renda/emprego. * O principal do texto, creio, é a ênfase na causalidade reversa. * O mito de que o investimento na educação gera ou induz o crescimento econômico flerta com mais dois mitos: o da meritocracia e o do Equilíbrio Geral (microeconomia). * Evidente que existem casos onde uma pessoa X trabalha em tal empresa, a própria empresa banca o curso superior do trabalhador e após a formação conclusa do mesmo, há um salto de cargo e de renda. Mas esse não é o caso da maioria, infelizmente. * A empresa brasileira, na sua grande maioria, não gosta de arcar com custos de formação, binário ensino-aprendizado e a chamada “curva de aprendizagem” do trabalhador. Por isso muitas empresas não se contentam mais com a simples graduação. Mas é por um erro delas próprias, caso haja recursos suficientes paras as devidas práticas. O serviço público é muito mais eficiente nesse sentido. SOBRE O TAL BITCOIN… 19 _terça-feira_ dez 2017Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO Dois mega posts meus no facebook sobre o frisson acerca do Bitcoin. Tive vontade de fazer um texto sobre o Bictoin no comecinho desse blog, mas tive um misto de preguiça com mais mais vontade de fazer textos sobre outros assuntos. Então agora segue… Além dos dois posts, separados por um começo em negrito, vou colocar uns comentários adicionais no final. E o link do texto do economista grego Yanis Varoufakis traduzido, o melhor texto sobre Bitcoin que euli.
_— ps: o blog está meio abandonado, mas vou tentar atualizar mais… Tive alguns contratempos (concursos públicos, busca por emprego, rotina pesada de treinamentos físicos, etc.). Do tempo que parei pra cá o mundo inteiro está um furacão econômico e geopolítico. Difícil está sendo escolher os assuntos para escrever sobre. Um abraço a todos os leitores, inclusive os ‘haters’. Aprovo sempre os comentários de todos! —_.
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SE O BITCOIN É UMA BOLHA E VAI ESTOURAR? MEU AMIGO, NINGUÉM TEM BOLA DE CRISTAL PRA SABER. A questão é a seguinte: 1 – A tecnologia é boa? Resp: É… (falo do blockchain, que pode ser usado para qualquer moeda digital, não só Bitcoin).
2 – Mas a tecnologia vale esse aumento de preço dos últimos anos? Corresponde à realidade? Responda para si mesmo. Lembre-se que pode ser usada para qualquer criptomoeda, não só Bitcoin..
3 – O que é bolha? Resp: aumento especulativo e irrealista de preços de algum ativo financeiro (ou não-financeiro, como os imóveis). O estouro ocorre quando esse aumento especulativo decai muito rapidamente, com a volta da realidade precificada..
4 – E por quê vem aumentando tanto o preço/cotação? Resp: porque os investidores estão usando para especular..
5 – Mas e se subir mais ainda e eu perder o bonde da história? Resp: problema seu. Também é problema seu se perder dinheiro com Bitcoin comprando na alta e vendendo na baixa..
6 – No final das contas é aposta, como qualquer outro investimento..
7 – Sempre vão ter vendedores de Bitcoin com um milhão de argumentos para dizer que o Bitcoin é a melhor coisa do mundo. Não existe almoço de graça, então farinha pouca meu pirão primeiro,já dizia o ditado.
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8 – Não é moeda. Ponto. Não preenche os principais requisitos de uma moeda. Está sendo usando como intermediador de algumas trocas sem ser moeda. Uma espécie de escambo. Se vai continuar assim ou vai aumentar na função de intermediador de trocas, é uma aposta. Toda essas intermediações tem função de valorizar o ativo e propagandear o mesmo..
9 – Se não é moeda, é o quê? Resp: um ativo financeiro especulativo. Por trás desse ativo há uma boa tecnologia (blockchain), mas que pode ser usada para qualquer outro ativo em forma de criptomoeda. Até a Venezuela anunciou uma moeda digital própria e deve usar a tecnologia do blockchain. Dubai já anunciou uma criptomoeda própria também, enfim… Ou até mesmo pode ser utilizada para as moedas nacionais. Sim, podemos ver no futuro próximo os governos utilizando o blockchain para fazer todas as transações em moeda de um país. Isso vai tornar inútil o uso de cédulas e da moeda física. Ou seja, economizará os gastos da Casa da Moeda no caso do Brasil. E pode (eu disse pode) facilitar o trabalho da Receita Federal..
10 – Os governos podem se utilizar do blockchain para ferir a privacidade das trocas e comércio dos cidadãos? Resp: Pode. É possível, apesar do blockchain utilizado no Bitcoin “garantir” a privacidade das transações. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da interpretação..
É usado para lavagem de dinheiro e ilicitude? Resp: Ôôô… Mas esse argumento contra o Bitcoin não quer dizer absolutamente nada. A moeda física (cédulas) é utilizada para todo tipo de ilicitude também. Ou você acha que o usuário está comprando cocaína dentro da favela com Bitcoin?.
11 – A falta de privacidade de outras moedas utilizando o blockchain e a suposta privacidade do Bitcoin ou de uma concorrente (tipo Ethereum) pode fazer essas ter uma valorização de preços eterna? Resp: bicho, sei lá! Poder pode, mas é uma aposta. Volte ao item 6 e releia..
12 – “Aiiiin…. eu vou perder o bonde da história e vou deixar de ganhar dinheiro porque tive medo” Resp (bruta): deixe de frescura, porra! Vamos lá: – Você não ganhou caminhões de dinheiro com a ação pitoresca Milk1 (uma lenda do mercado financeiro). – Você não comprou Petrobras a três reais e alguns quebrados uns dois anos atrás. Agora a ação já está em quinze reais. – Você não comprou Magazine Luiza na época da discussão de Luiza Trajano e Diogo Mainardi (2014). Hoje a Magazine Luiza já aumentou o valor de mercado em trinta vezes (sim, trinta…). – Você não comprou ações do Itaú no final dos anos 90, quando custava menos de um real. Depois da fusão-aquisição com o Unibanco em 2008 a ação do Itaú estava custando 50 reais. – Um apartamento de três quartos e uma suíte, um médio família em bairros nobres na maioria das capitais brasileiras, custava um preço no começo dos anos 2000 e o triplo ou quádruplo no final dos anos 2000. Você aproveitou? – Nos tempos dos seus pais e avós, o sujeito de classe média alta comprava um terreno baldio e esse ativo valorizava cerca de 300 vezes em menos de uma década. Mas como existe a função social da terra na nossa CF (ainda bem…), sempre corria o risco de perder a terra por desuso. A terra nos tempos dos seus avós não era nada muito“disruptivo”…
– Você perde oportunidades o tempo inteiro porque você não tem como ser adivinho. E estudar economia não vai fazer você prever nada. Teve um tal de Myron Scholes que ganhou um prêmio Nobel de economia e o fundo de investimentos dele foi um dos maiores micos da história do mercado financeiro. O nome do fundo era LTCM e tem um livro sobre a história desse mico com o título sugestivo de “Quando os Gênios Falham”..
13 – Ainda tem outros detalhes, como as casas de câmbio, as câmaras de compensações, registros de patrimônio e ativos, etc. Muita coisa. Mas o básico é isso aí..
O resto é com você..
Referências: já tem um milhão de textos ofensivos e defensivos acerca do Bitcoin. O melhor que eu li até hoje foi o de YanisVaroufakis.
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MAIS COMENTÁRIOS SOBRE O BITCOIN 1 – Alguns “gurus” da tecnologia ou de qualquer outra coisa estão surfando na onda da valorização pra se dizerem os fodões.Isso é normal.
Todos os gurus da tecnologia tem seus momentos de sorte e seus fiascos. Eles vivem disso. Dão pitaco na mídia pra ver se alguma coisa vinga. Se não vingar, todo mundo esquece. Se vingar, eles vão pra mídia falar que previram tudo. Faz parte do jogo, mas o pessoal também não pode ter extremo ceticismo com o conceito de criptomoeda por causa desses caras. 2 – Cuidado com o extremo ceticismo à disrupção. Tem coisa que não dá pra levar tão a sério, como achar que as fontes alternativas de energia vão acabar com o petróleo e gás da noite pro dia. Uns tempos atrás achavam que o plástico PET iria acabar com os derivados de polipropileno, mas não acabou. Há vários mercados tradicionais que se reinventam. Um caso clássico foi o Cirque de Soleil reinventando a indústria circense para adultos e que antes já estava praticamente falida com apresentações voltadas para crianças. No entanto o UBER em algumas cidades roubou a clientela dos taxistas (mas em outras não), o AirBnB roubou a clientela de alguns hotéis (mas em outras não), os food-trucks tiraram clientes de grandes redes fast-food (em outras não), etc. A disrupção existe e os mercados tradicionais resistem, simples assim. O Bitcoin no comecinho da divulgação no Brasil tinha gente falando que iria “quebrar” todos os bancos centrais do mundo. Isso não tem fundamento, visto que a valorização do ativo vem da própria injeção da moeda nacional no próprio. Ou seja, quem compra Bitcoin pra “ficar rico” (investir de fato) precisa torcer para que as moedas nacionais continuem existindo. Sem as moedas nacionais não vai existir essa valorização de preços, obviamente, visto que os preços são cotados na própria moeda nacional (!!!). Se instalaria uma nova ordem de demanda por moeda digital lastreada em outros ativos, e isso por enquanto é completamente utópico. Então o princípio inicial da criptomoeda Bitcoin, que seria o de burlar o sistema bancário e os bancos centrais, não faz tanto sentido assim. Sem falar que os bancos podem comprar e minerar Bitcoins também. Já estão fazendo um monte de derivativos lastreados no preço do ativo, enfim… Achar que o Bitcoin é totalmente “out” do sistema é tolice. 3 – Mesmo assim, sem nada impedir o sistema bancário mundial de fazer uso da especulação do ativo, ele ainda incomoda o sistema ao meu ver. Por quê? Porque não é tão controlado por um banco central, que naturalmente é cooptado pelos maiores bancos. O Bitcoin é uma espécie de “destruição criativa” deSchumpeter.
E isso existe sim. Muitas vezes a crença nesse princípio de Schumpeter resulta em fiascos catastróficos, mas outras vezes, com bom senso agregado, não se pode negar sua existência. Muitas indústrias e mercados são recriados no capitalismo. A Kodak quebrou e já foi uma gigante. A Xerox hoje não é nem 10% do que era no passado. A Apple estava semi-falida nos anos 90 e em meados de 2008/2009 era o maior valor de mercado do mundo. A ação da Petrobras já custou 70 reais na época do lançamento do pré-sal e chegou a custar 3 reais e alguns quebrados uns cinco anos depois disso. Então nada é pra sempre. Por isso é bom ter cuidado com o extremo ceticismo, desdenhando demais do ativo e da tecnologiablockchain…
4 – Dito isso no item 3, as moedas digitais podem incomodar os bancos comerciais e de investimento sim. É uma concorrência natural do dinheiro de plástico, do mercado de crédito, do mercado de capitais, etc. Também é uma nova concorrência às grandes bandeiras de compensação financeira (Redecard, Credicard, Mastercard, Visa, etc.). Tudo isso incomoda sim! E muitas dessas empresas até podem entrar nas criptomoedas agora, mas vão entrar atrasadas! Outras já entraram há muito tempo, mas preferem os lucros do mercado financeiro tradicional. E elas não gostam disso, pois a ganância é muito grande. É tudo um jogo de interesses. Ninguém gosta de concorrência, a verdade é essa. O ser humano não gosta de concorrência. Corretoras, casas de investimento AAI (agente autônomo de investimentos), etc. Todas elas se não entrarem no mercado de criptomoedas vão ficar naturalmente incomodadas. Mas muitas já entraram, e aí ? Essas vão dizer que é o melhor investimento do mundo. A Empiricus Research já está fazendo propaganda atrás de propaganda das criptomoedas. Lembre-se: um dia comprar ações da OGX também já foi o melhor investimento do mundo e deu no que deu. A mesma Empiricus recomendava a ação da OGX uns dois anos antes da quebra total da empresa. Mas tem gente que prefere usar o caso do Facebook, que valorizou cerca de 5000% em uma década. Você é quem deve refletir… 5 – Sou adepto do nem 8 nem 80. O que queima o filme desse novo mercado de criptomoedas são meninos buchudos com óculos fundo de garrafa cheio de espinhas na cara em fóruns de internet dizendo que “vão ficar ricos” com criptomoedas ou dizendo que o Bitcoin “mudou a vida deles”. Muita hora nessa calma! Adulto razoavelmente sensato não pode cair nessa. 6 – Por que alguns países estão incentivando o uso do Bitcoin como moeda intermediadora de trocas em seus países, caso da Rússia, Venezuela e Argentina? Resposta: É uma espécie de URV ou triangulação de moedas, para driblar a desvalorização de alguma moeda nacional em relação ao dólar. URV no caso foi a triangulação regulamentada e oficial feita pelo governo na época do Plano Real. O pessoal que tem menos de 25 anos de idade não vai lembrar. A triangulação era feita entre o Cruzeiro Real (a antiga moeda), a URV (a intermediadora) e o Real (que seria a nova moeda adotada, vigente até hoje). Foi uma maneira muito bem sucedida de driblar a inflação inercial. Foi também copiada em outros países mais desenvolvidos (Coréia do Sul, Israel, etc.). Venezuela, Rússia e Argentina tiveram desvalorizações de suas moedas muito fortes devido a fatores geopolíticos (sanções, guerra, política monetária, fundos abutres e tudo mais). Para não perder tanto poder de compra internacional, os governos desses países estimularam o uso do Bitcoin para suas populações, visto que o ativo não era tão valorizado em seus próprios países, mas eram bastante valorizados fora. Se não “bastante”, mas pelo menos mais valorizados que suas próprias moedas nacionais. Ou seja (só colocar o tico-teco pra funcionar)… É uma forma sui generis de driblar a desvalorização e a perda do poder de compra. Com a população comprando e usando Bitcoin, ela evita ter seu poder de compra muito diminuído e nesse sentido é bastante interessante não só o Bitcoin como qualquer criptomoeda. Seria uma maneira mais abrangente e popular das pessoas comuns puderem cambiar moedas aumentando seu poder de compra, sem deixar isso monopolizado na mão de grandes barões do mercado financeiro. A ideia é mais ou menos essa. Se funciona 100% assim ou não, é outra história. É lógico que o grosso já está nas mãos de grandes barões. Mas e se tiver menos concentrado que o capital financeiro bancário (crédito, moeda e ativos) ? A grande questão é essa. 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duas mais famosas. Tem Dash, Monero, RippleCoin, IOTA, etc. Cada uma tem suas particularidades. Se for pra investir/apostar nessas coisas, é bom e necessário pesquisar as diferenças. 9 – Fique atento que a tecnologia do Bitcoin é boa em certo sentido de facilitar transações e compensações/liquidações, mas o custo energético é alto. Energia no mundo de hoje é tudo. Ou seja, a tecnologia é boa, mas não é o elixir do mundo e não vai salvar o mundo. Já tem umas notícias por aí dizendo que a mineração tem um custo energético insustentável. Fique esperto para não ser o pato da vez! Isso pode ser o motivo e bode expiatório para ruir todo o sistema, talvez (eu disse talvez)… 10 – Vão ter mais quedas e subidas repentinas? Vai, meu filho…Exemplos:
Banco Central da China proíbe = cai Banco de Frankfurt lança derivativos de Bitcoin = sobe Pane no sistema e ataque hacker = cai Grande banco brasileiro lança cartão Bitcoin = sobe E vai ficar nessa putaria aí. 11 – Vi em um fórum o pessoal discutindo o “lastro” das moedas digitais. Eu já usei esse argumento contra o Bitcoin. Mas os vendedores ou apologistas de moedas digitais falam que as moedas nacionais também não tem lastros, como contra-argumentação. E sinceramente? É verdade. O lastro da moeda nacional no caso seria o Estado nacional. Vai deixar de existir o Estado de Direito e a sua autoridade monetária? Pra mim não, mas tem gente que acredita, mesmo no curto prazo… Mas isso não é um lastro de ativo, é um lastro moral ideológico. É bom você ter consciência disso. Se você acredita na falência total do Estado-Nação no médio prazo, boa sorte e entre de cabeça nessenegócio!
12 – Para quem ficar com “deprê” porque perdeu o bonde da valorização, já disse no outro post sobre o assunto: frescura. Todo mundo deixa oportunidade passar o tempo todo. Menos de 1% da população tem valorizações patrimoniais muito acima da SELIC ou da inflação no longo prazo. A grande verdade é essa. Esse argumento da “deprê” muitas vezes é usado por apologistas das criptomoedas para fazer mais gente entrar no negócio. Já falei: fique esperto para não ser o pato da vez, mas também cuidado com o extremo ceticismo. Nem 8 e nem 80. 13 – É pirâmide? Resposta: tudo é pirâmide. Umas mais, outras menos. Avestruz Master e Telexfree por exemplo é palhaçada. Mas existem pirâmides mais domesticadas e menos ofensivas. O sistema financeiro mundial é uma pirâmide. A quantidade de moeda e de ativos interligados que nos balanços financeiros dos bancos centrais fazem a identidade passivo/ativo não condiz com a quantidade global de bens e serviços. Isso é um fato irrefutável. A questão é saber quando as bolhas desmoronam, tudo se resume a isso. Ninguém sabe… Ou pouca gente! A economia mundial por completo não tem lastro. Por isso vivemos pulando de crash em crash, desde a revolução industrial. Então cuidado quando sair por aí chamando Bitcoin de pirâmide, pois os apologistas podem usar esse mesmo contra-argumento, que infelizmente é verdadeiro. O Bitcoin é pirâmide sim, mas os outros ativos também são. Ações de empresas são pirâmides também. Tudo isso é pirâmide, só que algumas mais domesticadas e outras não passam de palhaçadas (tipo Telexfree e Hinode). 14 – O Bitcoin é uma pirâmide pouco domesticada? Resposta: não sei. Veremos nos próximos cinco anos. Se cair de 70 mil reais (cotação atual arredondada) pra 7 mil, talvez sim… Mas já houve quedas bem parecidas no mercado acionário, como a própria Petrobras da histeria do pré-sal até a crise desencadeadapela Lava-Jato.
E sobreviveram… Estão aí de novo… Mais uma vez eu alerto: os apologistas das criptomoedas podem usar esse argumento a seu favor. A função utilidade do Bitcoin, tirando os países que incentivam seus usos como intermediadora de trocas (tipo Rússia e Argentina), é praticamente zero. Mas as ações de empresas servem pra quê? Se come? Mas pelo menos tem lucros e dividendos (pense nisso…). Ouro também não se come, mas pode ser um belo investimento de médio prazo, justamente porque está longe dos holofotes e o dólar-moeda está praticamente quebrado como lastro mundial. Sinto dizer aos meus amigos não-marxistas, mas só marxistas tem certeza e estudaram seriamente sobre isso. O resto é pitaqueiro echutador.
A crítica do pessoal da Escola Austríaca sobre isso (o sistema financeiro global e a quantidade de moeda-ativos) é bobinha e simplista, não tem densidade teórica e científica. Esses assuntos estão bem ativos na obra de Marx no livro III de O Capital. O livro II também é elucidativo na questão da metamorfose do Capital e sobre os custos de rotação. Um excelente complemento disso é o economista keynesiano Hyman Minsky (e seu clássico “Estabilizando uma economia instável”)..
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COMENTÁRIOS ADICIONAIS: 1 – Por que não é moeda e não preenche os requisitos de uma?Resposta:
– Conceito do economista André Perfeito (Gradual Investimentos) em uma das suas ‘lives’ no facebook: (1) meio de troca, (2) unidade de conta e (3) reserva de valor, no caso as funções tautológicas da moeda (elasticidade de substituição próxima de zero e elasticidade de produção próximo de zero). – Conceito do manual de economia monetária de Lopes & Rosseti (9ª edição 2005) acerca das funções da moeda: 1- intermediária de trocas 2 – medida de valor 3 – reserva de valor 4 – função liberatória 5 – função de padrão de pagamento diferidos 6 – função de instrumento de poder – O Bitcoin e as outras criptomoedas não possuem todos esses conjuntos ao mesmo tempo. É necessário, para ter a característica de moeda, possuir todos eles, não apenas um isolado. As criptomoedas são, portanto, ativos financeiros. Ou funcionam como tal. Podem ser cambiadas por mercadorias e outros ativos sim, todavia outros ativos financeiros também possuem mesma característica, como o mais conhecido para esta finalidade, o swap cambial. – Outra característica das criptomoedas é a crença dos seus apologistas de que elas são e continuarão sendo deflacionárias. Ou seja, valerão mais no futuro do que hoje. Isso coloca nelas um potencial tipicamente poupador. Ao mesmo tempo há um “inflacionamento” das próprias criptomoedas como ativos, calculado em moedas nacionais, que são as verdadeiras unidades de valor e reservas de valor, entendido a palavra “valor” diferente do contexto marxista. Claro, isso no médio e longo prazo, pois sempre há quedas repentinas da cotação. Trata-se de um paradoxo. Elas inflacionam em moedas nacionais ao mesmo tempo que elas próprias são deflacionárias por si mesmas, visto que uma unidade de Bitcoin valerá menos hoje do que amanhã, de acordo com a crença dos seus entusiastas. Entendeu? Mas essa crença da deflação só poderá ser plena se elas passarem a ser as únicas intermediadoras de trocas, substituindo as moedas nacionais. O que é, no momento, meio utópico ou inconcebível. Vale também fazer uma menção ao livro (meio bobinho, aliás) chamado Pós-Capitalismo, de Paul Manson. Ele dá uma solução para o sistema financeiro global, em uma ordem pós-capitalista, com bancos centrais unidos ou “socializados”. É uma coisa meio besta, mas vale a pena perder algum tempo lendo a ideia. Tem a ver com Bitcoin? Mais ou menos. Mas tem, visto que a ideia inicial do Bitcoin é “quebrar” os bancos centrais e as moedas nacionais. Aí você também lê o texto de Varoufakis e fazer um paralelo juntando as peças e criando sua própria opinião. Esse autor (Paul Mason) e jornalista não é marxista, diga-se de passagem. Mas que entende a fase de estagnação crônica do capitalismo atual. Ele faz parte dessa leva de gurus da tecnologia e do Vale do Silício. Ou que influenciam o Vale, tipo o finlandês Pekka Himanen e o empresário Nick Hanauer. Todo esse pessoal meio “pra-frentex” do Vale do Silício já entende isso e concorda que uma nova ordem pós-capitalista está em curso ou processo. No entanto, os apologistas do capitalismo à brasileira, apesar de exaltarem tanto as figuras como Elon Musk e os empresários de lá, ainda não entendem isso e acham que é coisa de “mortadelas”.Enfim…
Mas a direita brasileira mais xucra e proto-fascista, tipo as ‘olavetes’, odeiam os empresários do Vale do Silício. Valelembrar disso.
Há vários textos e matérias sobre o Bitcoin. O economista Fernando Ulrich é um dos maiores apologistas da criptomoeda no Brasil. O jornalista e pseudo-historiador charlatão Leandro Narloch também. Há vários entusiastas e detratores… Entre os detratores há muitos banqueiros tradicionais (J.P Morgan, Morgan Stanley, etc.). Pesquise e vá atrás! Deixe de serpreguiçoso!
Antigamente, uns três ou quatro anos atrás, você procurava textos sobre Bitcoin e a informação era muito escassa ainda. Hoje basta uma busca no Google que há uma interminável lista de textos na blogosfera. Não se faz necessário eu ficar “clipando” todos por aqui. Vou colocar apenas o de Yanis Varoufakis. Minhas ideias dos dois posts no facebook foram tiradas de muitas dessas leituras, vídeos e até posts inteligentes vistos no facebook. A sacada da comparação com a URV por exemplo foi tirada de um post de um funcionário do Banco Central. Eu já tinha consciência da triangulação de moedas, mas eu argumentava antes que não se comprava nada com Bitcoin. E era verdade quando eu falava isso (em meados de 2014 no Brasil…), mas não é o caso da Argentina e Rússia, por exemplo, nos últimos três anos. MAIS UM COMENTÁRIO: eu comprei Bitcoin em 2012 na empresa Mercado Bitcoin. Bem antes da modinha. Na verdade já existia a modinha em círculos nerds, mas não era tão conhecida como hoje. Nem 5% conhecida como agora. Vendi na primeira crise com prejuízo, mas não me arrependo e nem fico chorando. Meu pai e alguns amigos falam “se eu tivesse continuado”. Não existe “SE” na vida. E em 2015 eu tive uma doença grave e tive alguns custos com tratamento médico. Evidente que eu teria sacado o dinheiro de toda forma. Antes disso eu já tinha sacado para gastar com supérfluos. Na época, também não havia a tecnologia blockchain. Ou não era tão divulgada. Volto a repetir que dor de cotovelo por isso (perder a valorização) é bobagem. Bullshit! Tem opções de ações (derivativo clássico do mercado financeiro) por aí valorizando mais de 1000% ao ano (sim…). E você fica sabendo disso? Pois é. Mesma coisa do caso das ações da Magazine Luiza. Fora o novo mercado de apostas esportivas também. O mundo corre. Enfim, é isso! Link para o texto traduzido de Varoufakis: http://www.esquerda.net/artigo/bitcoin-e-perigosa-fantasia-do-dinheiro-apolitico-por-yanis-varoufakis/42956 NUNCA FOMOS TÃO RICOS? SOBRE DESIGUALDADE E POBREZA 22 _domingo_ jan 2017Posted by diogomnz
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≈ 4 COMENTÁRIOS
Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. A esquerda política mainstream do Brasil – notadamente simpatizantes do PT e do PSOL – foi à loucura nas redes sociais e compartilhou as matérias sobre esse anúncio em massa, falando das desigualdades e injustiças sociais no mundo. De bate pronto, é claro, vieram liberais clássicos, conservadores, adeptos da Escola Austríaca e afins, desdenhando dos estudos, afirmando que os cálculos estavam equivocados ou que desigualdade não era tão importante (e sim a pobreza), etc. Há sempre uma ideia generalizada, bem explícita até, entre os liberais e suas milhões de correntes, que nunca fomos tão ricos. Nós, a população global. A ideia geral é que o mundo tem prosperado cada vez mais com o capitalismo, os recursos estão melhor distribuídos e a pobreza está retrocedendo, inclusive em regiões historicamente pobres (como a África subsaariana). Acredito que já escrevi neste blog, em 2015 ou ano passado, sobre a importância da desigualdade de renda em relação à robustez econômica (crescimento do PIB, PIB per capita, IDH e tudo mais). Há um trabalho inclusive sobre esse assunto, de Dani Rodrik e Alberto Alesina, muito bem fundamentado. Segue o link do trabalho (correlação entre desigualdade e crescimento): https://www.mtholyoke.edu/courses/epaus/econ213/rodrikalesina.pdf É importante ressaltar as diferentes conceituações. Desigualdade de renda é diferente de desigualdade social. Pobreza e riqueza já são duas coisas diferentes também. É complicado definir “riqueza”, pois dá margem para diversas interpretações em cima disso. Todos nós já ouvimos o velho ditado dos tempos das vovós: “Sou rico de saúde” Na maioria dos bons manuais de contabilidade social há uma diferenciação do conceito de PIB com o conceito de riqueza. O PIB é uma produção temporal e um marcador de atividade. Produto em estoque não faz PIB, por exemplo. Só faz se for vendido e sair do estoque, daí a importância do conceito clássico de demanda efetiva do Lord Keynes. No entanto o estoque pode ser riqueza se tiver valor de troca e consequentemente um preço. A mesma coisa serve pro imóvel de um proprietário. O imóvel é riqueza, no entanto depois de construído a única coisa que ele agrega ao PIB são os seus tributos (como o IPTU) e os seus serviços agregados (manutenção, guarda e conservação). O preço da construção entra no PIB apenas nos momentos de incorporação e das vendas. Creio que depois da primeira venda, com as vendas aos terceiros, entram no cálculo apenas os tributos relacionados (como o ISS da intermediação e o ITBI, por exemplo). Dito isso, um post no facebook sobre o assunto referido me chamou a atenção. O nome do sujeito que postou é Carlos Góes. Não o conhecia antes do post. Me parece um recente economista pós-graduado na Johns Hopkins University e com bacharel em relações internacionais pela UnB. É liberal, pelo visto. Parece ser colunista do site e página do facebook “Mercado Popular”, difusora das ideias da Escola Austríaca.Segue em anexo o
post: https://www.facebook.com/carlos.goes/posts/10153959564292574 O rapaz dá boas contribuições sobre o assunto, mostrando que há como se debater defendendo o lado liberal em alto nível, algo que às vezes me parece muito escasso (tirando a ortodoxia macroeconômica no âmbito acadêmico). Ele contesta o medidor de “riqueza líquida” do Credit Suisse usado pela Oxfam, que de fato é bem contestável. Nesse indicador se subtrai as dívidas do patrimônio físico das pessoas físicas. E nesse caso um Eike Batista seria mais pobre que um vendedor ambulante sem dívidas (mas também sem crédito). Mas algo que não comentaram sobre isso é que esses exemplos gritantes podem ser exceções e “pontos fora da reta” numa amostra. No entanto ainda é um argumento razoável, pois de fato pobres não tem dívidas porque nãopossuem crédito.
Ele cita diversas outras fontes – excelentes materiais diga-se de passagem – para relativizar a desigualdade atual no mundo. Ele deixa claro que é um liberal diferente e que se preocupa sim com a desigualdade. Ponto pra ele. Mas que seria necessário mais rigor para avaliações de pobreza, desigualdade e afins. O critério de Thomas Piketty, por exemplo, é questionado devido ao fato de serem pesquisas restritas a países desenvolvidos. E a avaliar somente o retorno da renda, que é possível de ser mensurado, e não do estoque de riqueza, muito mais difícil de mensurar. Como sabemos: renda é uma coisa e riqueza é outra. Um é composto por salários, aluguéis, pensões, lucros e afins. O outro é composto por bens físicos, estoque de produtos, imóveis, maquinário, terras, etc.Respectivamente.
Mas voltando a questão da pobreza e da afirmativa de estarmos mais ricos, vamos analisar alguns dados. A população da África saltou de 482 milhões em 1980 para 1,1 bilhões em 2016. A redução de pobreza em percentuais nesse período foi de aproximadamente 59% para 48%. Esses são somente dados ilustrativos para demonstrar um raciocínio. Não são números exatos. O da população foi tirado do site ourworldindata.org e se trata de uma fonte mais fidedigna. O percentual de pobreza é um número mais chato de ficar procurando, mas tirei de um post do economista e professor da UnB Roberto Ellery, um liberal já citado aqui no meu blog um tempo atrás. Ele por sua vez tirou seus números do site do Banco Mundial e a informação percentual é de 2010 (e não 2016). Segue: http://rgellery.blogspot.com.br/2013/10/no-post-anterior-falei-sobre.html Mas como eu falei, se é somente para ilustrar um raciocínio farei uma conta utilizando a população de 2016 e a proporção de pobres de 2010. Fora esses números para serem minerados por aí, tem a questão das diferentes classificações:”extrema pobreza”, “pobreza”, “vivendo abaixo de 1,5 dólares ao dia”, “vivendo abaixo de 2 dólares ao dia”, etc. Tudo isso é uma coisa, já a ideia de “ser rico” é outra, bem vaga diga-se de passagem. Faça as contas agora: 59% de 482 milhões dá 284 milhões de pobres. Já 48% de 1,1 bilhão dá 528 milhões de pobres. Ou seja, na verdade a pobreza mais do que dobrou em números totais, mesmo caindo em números percentuais. A queda percentual talvez seja um mero efeito estatístico de estagnação crônica da pobreza, pois talvez seja mais difícil – estatisticamente falando – manter um patamar tão alto em percentual vivendo com tão pouca renda tendo uma força de trabalho tão maior em números totais em relação ao passado, então é natural o percentual cair. Mas a pobreza em si aumentou e bastante, pois são mais barrigas passando fome. Vamos falar da América Latina agora. A reportagem do jornal eletrônico Nexo mostra alguns dados tirados da CEPAL (Comissão econômica para a América Latina). Segue: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/12/09/A-desigualdade-e-a-pobreza-na-América-Latina Em 1990 o continente tinha cerca 202 milhões de pobres, hoje seriam 168 milhões. Na verdade a redução de pobres geral foi de 16% em 26 anos. Nesse ritmo para zerar a pobreza seriam necessários mais de 100 anos. Um tempo e um ritmo nem um pouco razoável. Em relação ao mundo: crescimento de 4,4 para 7,4 bilhões de pessoasdesde 1980.
No cálculo do Banco Mundial a pobreza fica de 44% em 1980 para 9,6% hoje, são no entanto quase dois bilhões de pobres em 1980 para pouco mais de 700 milhões de pobres hoje em dia. Uma redução e tanto, de fato. No entanto a página pesquisada faz diversas ponderações e fala das limitações dos números. A começar que define pobreza apenas como as pessoas que vivem com menos ou até U$ 1,89 dólares por dia. Nos dados do estudo de Bourguignon & Morrisson a extrema pobreza (até 1 dólar por dia) em termos percentuais caiu apenas de 32% para 24%. E a pobreza (até 2 dólares por dia) de 55% em 1980 para 52% em meados de 2000, pois não tinha dados para os anos recentes. Uma redução magérrima e bem tímida. No cálculo de números gerais a pobreza teria crescido com base nesse estudo, pois 32% em 1980 seriam 1,4 bilhões de pobres, já 24% de hoje seriam mais de 1,7 bilhões. Você pode conferir esses dados neste endereço: ourworldindata.org/world-poverty/ No livro de Dani Rodrik lançado aqui no Brasil – “A globalização foi longe demais?” – ele fala sobre o aumento da desigualdade no mundo, mas fala de uma suposta redução de pobreza mundial e de uma diminuição de desigualdade entre os países emergentes e os desenvolvidos. Ele faz ponderações sobre isso no livro, mas deve ser difícil evitar o contra argumento do crescimento chinês e indiano, baseados em força de trabalho, acumulação de capital e quebra de patentes. Notadamente foram os crescimentos do PIB da China e da Índia nas últimas décadas que puxaram essa queda de desigualdade de PIB entre emergentes e desenvolvidos. Vale a pena também pesquisar os economistas Angus Deaton (Nobel de economia recentemente) e Jeffrey Sachs sobre o assunto, pois os dois tem livros interessantes sobre o tema. No entanto a afirmativa de que “nunca fomos tão ricos” deve ser visto com muita parcimônia. Primeiro pela limitação desses dados de pobreza e do conceito do que é pobreza. Segundo que essas reduções percentuais de faixas mínimas da população mais miseráveis que existem (vivendo com meados de R$ 200 reais mensais) não definem sucesso do capitalismo de forma alguma, muito menos inviabilizam qualquer crítica de teor socialista. Na ideia que eu entendo de socialismo pobreza é desigualdade, sem divisões. Se o estoque de riqueza e o valor são construídos pelo conjunto de trabalhadores, segundo a ideia marxista, mas os mesmos não usufruem de toda sua produção, logo, são desiguais. Desiguaise pobres.
Onde uma estatística de pessoas que vivem com até U$ 2 dólares por dia entra nisso? Ainda por cima que segundo alguns dados calculados aqui a pobreza nem caiu, pelo contrário, aumentou em números totais. Mesmo com biotecnologia, avanços na agricultura, aumento da extensão agrícola, escala de produção alimentícia, etc. Talvez os liberais e adeptos da Escola Austríaca pensem que a redução da pobreza e a ideia de que “nunca fomos tão ricos” esteja interligada com a escala de produção dos iphones e a sua disponibilidade em percentual para a população mundial ou algo do tipo. Só usei o iphone como exemplo, mas pode ser estendida a ideia para outros produtos (automóveis e uso da internet, por exemplo). Então nesse caso há uma confusão entre os conceitos de escala de produção, pobreza e desigualdade. Bom, fica a seu critério fazer a própria auto-reflexão sobre oassunto.
O assunto despertou interesse, além do estudo da Oxfam recentemente, também pelo embate de Henrique Meirelles e a representante do FMI no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), Christina Lagarde. Ele afirmou o combate ao desequilíbrio fiscal a todo custo aqui no Brasil enquanto ela respondeu que a prioridade deveria ser o combate da desigualdade social, mas aí já é assunto para outras conversas eoutros posts…
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